coronavirus effects body
Ilustração por Prianka Jain. 
Saúde

Como exatamente o novo coronavírus afeta o corpo humano

A nova cepa misteriosa e mortal de coronavírus que se originou na China já infectou mais de 2.700 pessoas. Os sintomas iniciais são como os de uma gripe mas, em casos severos, a doença pode danificar irreversivelmente os pulmões.
MS
Traduzido por Marina Schnoor

O novo coronavírus está se espalhando rápido. De um mercado de Wuhan, China, agora são mais de 2.700 casos de infecções globalmente, incluindo em lugares como Hong Kong, Coreia do Sul, Filipinas, Singapura, Tailândia, Japão e EUA.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) disse num relatório na segunda-feira, 20 de janeiro, que havia 278 casos só na China, com uma alta concentração na Província de Hubei, onde fica Wuhan. Desses, 51 pessoas estavam em estado grave e 12 em condição crítica. O número de mortos agora é 80.

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O Ministério da Saúde chinês confirmou que é possível para a doença parecida com uma gripe ser contraída através de transmissão de humano para humano, e ela pode se espalhar ainda mais rápido esta semana, com muita gente viajando para e da China para o Ano-novo Lunar.

Sabemos agora que os sintomas do vírus incluem tosse, febre alta e dificuldade para respirar… mas o que exatamente a doença faz com o corpo? Falamos com o especialista em doenças infeciosas Mark C. Peralta do Hospital Nossa Senhora de Lourdes e do Centro Médico Fé Del Mundo em Manila para saber mais sobre seus efeitos.

VICE: O que é esse coronavírus se espalhando agora?

Mark C. Peralta: O Novo Coronavírus (nCoV) é um tipo de coronavírus diferente do Coronavírus de Síndrome Respiratória Grave (SARS-CoV) e do Coronavírus de Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS-CoV). Ele tem um material genérico diferente dos outros coronavírus, o que significa que essa é uma nova cepa.

Coronavírus são zoonóticos, o que significa que a transmissão pode ocorrer de animais para humanos. Por exemplo, o SARS-CoV veio de civetas e o MERS-CoV veio de camelos. Até agora, nenhum animal específico foi ligado ao nCoV.

Como o nCoV é diferente de uma pneumonia típica?

Há um espectro de apresentações clínicas do nCoV que pode levar a doenças leves, moderadas e graves. Isso inclui pneumonia, síndrome de angústia respiratória (uma condição grave que enche os pulmões de fluído e pode causar a falência do órgão), sepse (infecção bacteriana do sangue) e choque séptico (falência de órgão causada por sepse). Pneumonia é apenas uma das apresentações do nCoV.

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Quais são os outros sintomas?

Não há ainda uma ordem em particular de apresentação de sintomas, já que é cedo demais para concluir isso, mas os sinais mais comuns de infecção são sintomas respiratórios: nariz escorrendo, dor de garganta, tosse, falta de ar e febre.

Há algum sinal físico?

Descobertas físicas de um exame são diferentes com base em sua apresentação, mas se fosse um caso de pneumonia, geralmente há dificuldade para respirar, como ofegar e respirar muito rápido. Num exame de pulmão, pode haver estalos e chiados.

E quanto aos efeitos nos órgãos internos?

A doença afeta principalmente os pulmões. Ela causa inflamação dos pulmões (pneumonia), impedimento da respiração/vias respiratórias ou destruição do parênquima pulmonar (síndrome de angústia respiratória), e isso também pode viajar pelo sangue e causar problemas em outros órgãos (sepse/choque séptico).

Qual seria o pior caso para alguém infectado com o nCoV?

Pode acontecer desde pneumonia leve até síndrome de angústia respiratória, mas a pior situação é a morte. A longo prazo, dependendo da apresentação da infecção, outro resultado de síndrome de angústia respiratória pode ser danos irreversíveis aos pulmões.

Como as pessoas podem evitar serem infectadas?

Se você viajou para Wuhan em 14 dias antes do começo dos sintomas, procure o hospital mais próximo.

Higiene é a primeira defesa contra espalhar e adquirir a doença, particularmente lavar as mãos, e cobrir a boca e nariz quando tossir ou espirrar.

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Para pessoa com os sintomas, se isolar e informar seu médico ou hospital mais próximo é o melhor jeito de evitar espalhar a doença.

A entrevista foi editada para melhor entendimento.

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Matéria originalmente publicada pela VICE Ásia.

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