Compondo ato nacional em denúncia contra a fome e o alto custo de vida, cerca de 30 pessoas organizadas no Movimento de Bairros, Vilas e Favelas de Alagoas, na Unidade Popular e Juventude Correnteza, fizeram uma mobilização dentro do supermercado Mix Matheus, no bairro da Serraria, neste sábado, 17.
A coordenadora do Movimento em Alagoas, Ivanilda Gomes, relata que a manifestação dentro do supermercado não se trata apenas de integrar a campanha de arrecadação Natal Sem Fome, mas de levantar a discussão sobre a carestia e o fato de que, enquanto cresce o número de pessoas passando fome no país, os supermercados só se beneficiam com aumento de lucros.
“Os supermercados ficam bilionários e ninguém se importa se tem pessoas que não conseguem sequer garantir as três refeições do dia”, conta. Ivanilda também reforça como não se pode falar em fome sem contrastar com a desigualdade. “Em Alagoas não é diferente. Ultrapassamos os dados nacionais da fome em um estado tão rico. Tudo porque os donos da produção seguem cada vez mais ricos e sem se preocupar com o povo trabalhador, com o povo periférico “, diz.
Segundo informações publicadas pela Revista Gênero e Número, confrontando o cenário de crise socioeconômica e instabilidade de trabalho e renda de brasileiras e brasileiros, os lucros dos supermercados foram garantidos durante a pandemia, ao tempo em que também esvaziaram postos de trabalho nos estabelecimentos – foram cerca de 1,9 milhão de pessoas no setor do comércio desempregadas.
Classificando 2020, periodo auge da pandemia, como a “era de ouro” dos supermercados, a revista registrou ainda dados da Associação Brasileira de Supermercados, que demonstram como as redes tiveram maior alta de vendas dos últimos 20 anos, inclusive 9,36% maior que o ano anterior. Líderes da Abras atribuíram o “ano dourado” pandêmico a uma mudança e costumes em razão de isolamento social, mas também mencionam os impactos ofertados pelo auxílio emergencial que foram voltados sobretudo à alimentação.
Já de acordo com estudo da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania Alimentar (PENSSAN), de 2022, a fome e uma realidade para 36,7% das famílias alagoanas. A pesquisa constatou, ainda, que considerando os três niveis de insegurança alimentar – leve, moderada e grave – Alagoas tem 2,6 milhões de pessoas nesta condição. Além do mais, é o estado do país que encerra o ano com mais casos de insegurança alimentar grave.