Agricultores de Alagoas levam 13 toneladas de alimentos para o coração de São Paulo

Previsão é de que sejam comercializadas 500 toneladas de alimentos.
Agricultores carregando caminhão com os alimentos. – Foto: Anidayê Ângelo/MST Alagoas

Uma delegação de agricultoras e agricultores de Alagoas cruzou a rodovia em direção ao sudoeste brasileiro. A saída de Alagoas foi programada para o meio dia segunda-feira, 5 de maio. Uma viagem longa e a saída no horário certo permite chegar próximo ao horário programado. Antes de pegar a estrada, uma parada para a foto oficial da delegação do Movimento das Trabalhadoras e Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) que embarcaram rumo à Feira Nacional da Reforma Agrária no coração de São Paulo. 

O dia do embarque estava nublado. “Entrei no ônibus com aquela saudade que já estava sentindo da minha casinha, mas principalmente ansiosa com o que vou encontrar lá em São Paulo”, disse Vanda. Ela, junto a outras 19 agricultoras e agricultores, percorreram aproximados 2.440 km, levando na bagagem 13 toneladas de alimentos produzidos em áreas de reforma agrária em Alagoas, além de benefícios da produção que foram oferecidos em forma de comidas típicas da sua culinária Sem Terra para a população paulista. 

Delegação de Alagoas. – Foto: MST Alagoas

As agricultoras e agricultores são dos municípios de Joaquim Gomes, Maragogi, Atalaia, Junqueiro, Olho D’Água do Casado, Pão de Açúcar, Girau do Ponciano e Água Branca. Também embarcou rumo à feira nacional uma equipe de militantes que vão desenvolver atividades diversas durante os quatro dias de evento. A estimativa, segundo a organização, é que aproximadas 300 mil pessoas passem pela feira, que segue com programação até o dia 11.

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A organização da feira ainda chegou a destacar para a imprensa que a previsão é que sejam comercializados cerca de 500 toneladas de alimentos.  A produção que tomará a Praça Água Branca foi produzida em acampamentos e assentamentos no país; desse montante, 13 toneladas são oriundos do estado de Alagoas. A coordenadora nacional do MST, Débora Nunes, chegou a destacar em coletiva à imprensa, que a Feira Nacional da Reforma Agrária é o resultado do esforço de uma equipe de 2 mil membros da organização e que o evento serve como espaço de argumentação a favor da mobilização. 

Ela ainda chegou a destacar que a função da feira é a de ser um portal de conhecimentos sobre o que é alimento saudável e nutritivo, além de promover uma discussão sobre o que é agroecologia. “A realização da reforma agrária impacta o conjunto da sociedade, sobretudo, quem vive na cidade, porque o êxodo rural, a expulsão de famílias do campo deságua na cidade”, destacou Nunes durante a coletiva.

A força de uma mulher na Feira Nacional 

Agricultora Vanda, do Assentamento Fidel Castro, em Joaquim Gomes, Alagoas. – Foto: Anidayê Ângelo/MST Alagoas

Alagoas enviou uma delegação de 40 membros do MST. Destes, 20 são agricultoras e agricultores que são acampados e assentados em áreas de luta pela reforma agrária. “Essa é a minha segunda participação na feira nacional do MST. Estou muito feliz e com uma expectativa danada”, disse alegre a agricultora Vanda durante a entrevista enquanto cruzava o estado de Minas Gerais. 

Essa é a segunda vez que a agricultora, moradora do Assentamento Fidel Castro, localizado na zona da mata alagoana, no município de Joaquim Gomes, vai à São Paulo. A primeira vez, segundo ela, não teve a oportunidade de conhecer além dos limites da feira. “Eu não fui andar não. Tive medo, um lugar que não conheço, só vejo na televisão, não tive coragem não de andar. Ficamos no espaço da feira mesmo”, destacou.

A agricultora tem 33 anos de idade e sua história na área de reforma agrária começa aos 7 anos quando foi pela primeira vez com seus pais morar em um acampamento coordenado pelo MST. Segundo ela, a sua vida é no assentamento onde mora com seu esposo e lá desenvolve o trabalho na terra. “Para a feira mesmo, estou levando tudo que trabalho no meu pedaço de chão. Estou levando macaxeira, batata, inhame, laranja lima e pera. Além da goma e massa puba”, disse. 

Vanda demonstrou que a sua maior expectativa é retornar para o estado com toda a sua produção vendida. Segundo ela, os alimentos da sua terra é a sua principal e única fonte de renda. “Muitos acham que o sem terra não sobrevive da sua produção. Eu tenho esse como o meu único emprego, pois estou indo para São Paulo e voltando só vou descansar apenas um dia e já vou para outra feira, não paro não”, afirmou.

“A previsão de retorno é entre o dia 13 e 14. Mas, só vou descansar um dia e nem sei, mas é retornando e me preparando para a próxima feira. Uma feira pequena em Maceió, mas é chegando e não parando”, concluiu.

A equipe de militantes do MST

Entre os militantes do MST que foram em delegação para a Feira Nacional da Reforma Agrária, um grupo foi para participar de várias formas dos trabalhos. De acordo com Anidayê Ângelo, do MST em Alagoas, a equipe de militantes são de vários municípios, entre eles da capital, Maceió, que vão contribuir com a culinária, outros militantes vão contribuir no Espaço de Cuidados Maria Aragão, “levando fitoterápicos do setor de saúde do MST no Assentamento Dom Helder Câmara, em Girau do Ponciano”.

Ainda segundo Anidayê, outros militantes que compõem a delegação de Alagoas vão integrar as equipes de trabalhos na comunicação, infraestrutura e zeladoria da feira. “Tem também pessoas que vão estar no espaço do Plano Nacional Plantar Árvores Produzir Alimentos Saudáveis, organizando mudas para serem expostas e doadas. Serão doadas 150 mudas do Acampamento Feliz Deserto, em Joaquim Gomes”, detalhou.

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