Esta terça-feira (19) foi marcada em Alagoas pelo início da vacinação contra a Covid-19. O primeiro lote contém 87.760 doses da CoronaVac, vacina do Instituto Butantan em parceria com a empresa chinesa Sinovac Biotech. A quantidade é relativa à população brasileira, para que cada estado receba proporcionalmente o mesmo número de imunizantes.
O governador do estado de Alagoas, Renan Filho, disse que a principal arma para o combate à doença é a produção doméstica de vacinas, já que os países que produzem, naturalmente darão prioridade à imunização da própria população ao invés de exportarem.
“Espero que com as vacinas definidas, falo da parte da ciência, tecnologia, desenvolvimento e pesquisa, que a produção de insumos se acelere para que nos próximos três a quatro meses tenhamos oferta muito maior de doses no Brasil para chegar na população de maneira geral. Iniciar pela imunização com as pessoas com mais de 80 anos e irmos descendo acima de 75, acima de 60, porque aí sim vamos observar um grande efeito na rede hospitalar e uma imensa preservação de vidas. Esse é o caminho que vamos ter que perseguir nos próximos meses”, disse Renan Filho.
A cerimônia que marcou a aplicação das primeiras vacinas ocorreu no Hospital Metropolitano de Maceió. A primeira pessoa a ser vacinada foi a assistente social Marta Antônia de Lima, de 50 anos, que atua na linha de frente no Hospital da Mulher, referência ao combate da Covid-19 no estado. “Meu primeiro agradecimento é aos voluntários e pesquisadores da vacina e que fizeram esse momento acontecer. Acreditem na vacina, acreditem na ciência”, disse Marta, que reiterou a importância das vacinas historicamente no enfrentamento a outras doenças.
“Eu peço a todos que se cuidem, se vacinem. Abracem a vacina. É a possibilidade que a gente tem de controlar a pandemia, de minimizar os casos mais graves, de reduzir as internações e principalmente a mortalidade”, completou emocionada.
Os indígenas aldeados alagoanos receberão cerca de 16 mil vacinas, número que contempla, segundo o governador do estado, 70% desta população, restando apenas os mais jovens. Hoje, foram representados pelo cacique Xucuru-Kariri Uaciran Ferreira Costa.
“Temos que ter a consciência de nos vacinar. Esse recado vai especialmente para o meu povo, de Alagoas e Sergipe. Tomem a vacina. Vamos nos vacinar e vamos seguir em frente com fé como nós tivemos sempre no nosso deus Tupã”, falou o cacique, primeiro indígena alagoano a ser vacinado.
Durante todo o evento, foi reforçado que as medidas sanitárias de higienização individual e distanciamento social devem ser mantidas, visto que a vacinação ocorrerá de maneira gradativa à medida que novos lotes forem liberados e adquiridos pelo Estado.
Negacionismo
O governador também reiterou a importância das instituições públicas responsáveis pela produção nacional dos imunizantes. “Uma crise dessa natureza vai reafirmar a importância da ciência, da tecnologia, da pesquisa e da inovação e vai valorizar a importância de instituições centenárias como o Instituto Butantan e a Fiocruz, que são as responsáveis por garantir a produção doméstica de vacinas”, afirmou.
Ele ainda falou sobre uma “parcela pequena” da população que resiste à ideia de se vacinar. Ele se diz tranquilo, pois acredita que, com o trabalho da imprensa em informar a população da imunização dos primeiros grupos, as pessoas que têm medo agora aumentarão as filas para a vacina. “Não acreditar na vacina é não acreditar na ciência. Negacionismo não dá mais no século 21. Ninguém vive na idade média”, disse.
Questionado sobre a possibilidade da leis que protejam a sociedade do negacionismo, Renan Filho ainda afirmou que “é importante que a gente atualize legislação nesse sentido para garantir que cada vez menos a gente encontre pessoas tentando fazer política, vencer eleições justamente na contramão do que a humanidade prega como caminho correto, ou de maneira estreita, que não respeita a diferença de gênero, de raça, a diversidade, não ouve a ciência. Isso tem que acabar, ninguém aguenta mais”.
Renan ainda falou da contribuição do Governo Federal, dando como exemplo a cloroquina. “O próprio ministro negou que ele tivesse prescrito ou incentivado o uso de cloroquina, mas há um documento do Ministério da Saúde dizendo que deveria se utilizar em tratamento precoce. Aliás, nós recebemos até o remédio”, lembrou.