Arte Pajuçara lança campanha para continuar aberto, difundindo arte e fortalecendo o audiovisual em AL

Cinema está há mais de 40 anos aberto e busca apoio para superar crise financeira e não fechar as portas; saiba como contribuir

Não é apenas um exibidor de filmes, ele é um polo de difusão e circulação da produção cinematográfica nacional, independente e de outros países, além de fundamentalmente ser um local de divulgação de produções do cinema alagoano”. 

Arte de divulgação da campanha de doação. | FOTO: Instagram.

Essas aspas são de Marcão Sampaio, um dos administradores do Arte Pajuçara, espaço que se consolidou como um marco audiovisual de Maceió e que está em atividade há mais de 4 décadas, contribuindo diretamente para a formação cultural de várias gerações.

Infelizmente, nos últimos anos, o cinema tem convivido com crises econômicas que ameaçam o seu funcionamento e trazem apreensão ao público e aos organizadores. Para lutar contra essa realidade, foi lançada uma campanha de financiamento coletivo com a finalidade de quitar débitos e evitar o fechamento permanente.

Através de uma vaquinha virtual, os interessados podem doar de R$ 20 a R$ 2 mil para ajudar e ter acesso a uma série de benefícios. Após fazer a contribuição, o doador precisa enviar o comprovante para o e-mail artepajucara@gmail.com.

CLIQUE AQUI PARA ACESSAR A VAQUINHA

Para Marcão Sampaio, o Arte Pajuçara desempenha uma papel essencial enquanto propagador de arte e ferramenta de circulação de filmes e obras que não chegam obrigatoriamente ao grande público. 

“O cinema existe há mais de 40 anos. Nesse período, foram várias gerações de cinéfilos formadas a partir dos cinemas – que depois viraram um cinema e um teatro, como temos hoje. Sem dúvida, o espaço é extremamente importante, com eventos como a Mostra Sururu, as exibições e os lançamentos de diversas produções. Por isso, se reveste de uma extrema importância para Maceió ter um espaço como o Arte Pajuçara, que, ao longo desses anos, atuou como formador de público e um pilar de circulação da produção cultural”, afirma.

O diretor e realizador audiovisual Rafhael Barbosa corrobora com o pensamento de Marcão e vê com apreensão a possibilidade de encerramento das atividades do Arte Pajuçara. Ele ressalta que o espaço é o único cinema que trabalha em prol da arte alagoana.

“Eu vejo com muita preocupação esse risco iminente de fechamento. Perder um espaço como o Arte Pajuçara seria uma tragédia. Seria perder o único cinema que tem as portas abertas para a produção local. O Arte abriga a Mostra Sururu, a Mostra Quilombo e outros eventos que exibem curtas alagoanos em destaque, com protagonismo. Quando lançamos ‘Cavalo’ [filme que teve co-direção de Raphael] no circuito ano passado, o Arte Pajuçara foi a sala que mais atraiu público. Ele é nossa principal vitrine. E não só para o cinema. O espaço também abriga um teatro e uma galeria de arte abertos aos artistas locais”, conta o diretor.

As dívidas acumuladas pelo Arte Pajuçara são decorrentes de aluguéis referentes aos período de 2015 a 2018, também há uma ordem de despejo em vigor. Além desse cenário, a pandemia de Covid-19 afetou administrativamente o espaço, que apenas conseguiu se manter devido à Lei Aldir Blanc.

Marcão Sampaio explica que a grande dificuldade do Arte é conseguir recursos para garantir a manutenção e quitar as contas regularmente.

“Ao longo dos últimos anos, a partir de 2013, o Arte Pajuçara é administrado por uma associação cultural sem fins lucrativos. A nossa grande dificuldade é que não temos um grande patrocinador ou uma grande instituição que nos dê o suporte no sentido de garantir a manutenção do espaço. Então, ele depende muito dele próprio, do que arrecada e das contribuições que vamos angariando”, diz Marcão.

E completa:

“Há períodos em que temos mais apoio, há outros períodos em que isso reflui. São essas oscilações que geram as situações de crise. Resolvendo essa pendência do aluguel, acreditamos que com os apoios que estamos buscando e com a participação do público podemos vislumbrar um futuro melhor”.

Rafhael Barbosa reitera a necessidade de que existam mecanismos de suporte cultural e lembra que tais espaços carecem de parcerias para permanecer ativos.

“O Arte Pajuçara não é um negócio, é um equipamento cultural, assim como o são o Teatro Deodoro, o Museu da Imagem e do Som, o Centro Cultural e de Exposições. E, assim como eles, sem auxílio para sua manutenção, as contas não fecham. Imagina se o Teatro Deodoro sobrevivesse da sua bilheteria? O prédio nem estaria mais lá, provavelmente dando lugar a um estacionamento ou um templo da Universal, como aconteceu com tantos outros emblemas da nossa cultura”, comenta.

CINEMA, INVESTIMENTO E FUNÇÃO SOCIAL

Marcão Sampaio e Rafhael Barbosa. | FOTOS: arquivos pessoais.

Fora de Alagoas, cresce a consciência da importância de espaços como o Arte Pajuçara, assim como crescem também os investimentos públicos e privados no setor. Rafhael faz questão de frisar essa questão, recordando que, acima de tudo, o cinema possui a sua função social, possibilitando a discussão de temas inerentes à população.

“Ao contrário de uma sala de multiplex, que visa exclusivamente o lucro, cobrando ingressos caríssimos e exibindo majoritariamente a produção industrial norte-americana, o circuito alternativo tem uma função social. Em todo o mundo, essas salas contribuem para a formação de plateias, para estimular o debate sobre questões agudas da sociedade e para fortalecer a cena audiovisual nacional e regional”, afirma.

O diretor e realizador audiovisual prossegue citando exemplos de iniciativas cinematográficas pelo Nordeste, que possuem o devido apoio e que proporcionam arte, debate e cultura às comunidades. 

Ele cita o Cine São Luiz (no Ceará), os Cinemas da Fundação e do Museu (em Recife), o Cine Teatro Guarany e o Cinema Rio Branco (no interior de Pernambuco), bem como lembra da iminente inauguração do Cinema da UFPE. Tais exemplos são mantidos com apoio do Estado e de fundações privadas.

“Esses são apenas alguns exemplos de iniciativas recentes. Historicamente, em todo o Brasil os cinemas alternativos são mantidos pelo poder público ou pela iniciativa privada por meio de mecanismos de renúncia fiscal. A vaquinha é uma solução emergencial para evitar o fechamento. Precisamos sensibilizar os gestores públicos e as empresas privadas para unir esforços em torno da manutenção desse espaço”, cobra Rafhael.

Nesse contexto, Marcão Sampaio reforça a importância do recurso obtido pela Lei Aldir Blanc para o Arte Pajuçara, sobretudo com o impacto causado pela pandemia.

“A pandemia nos deixou fechados por um 1 ano e 4 meses, o que permitiu a nossa reabertura foi a Lei Aldir Blanc, ela foi fundamental para isso. Infelizmente, o recurso não era o suficiente para que pudéssemos solucionar todo o débito existente, pois também existiam outras contas e a própria manutenção do espaço. Em suma, a Lei Aldir Blanc foi essencial para que o Arte Pajuçara não fechasse as portas permanentemente”.

Rafhael Barbosa finaliza enaltecendo o valor social que o Arte Pajuçara desempenha em Alagoas.

“Socialmente, o Arte Pajuçara vem cumprindo muito bem seu papel. Quem frequenta o espaço sabe o quanto ele influencia o cenário cultural local. Sem ele, não existiriam eventos como a Mostra Sururu de Cinema Alagoano, entre diversas outras atividades voltadas para a música, o teatro e as artes visuais, como parte de uma programação extremamente ativa e de grande impacto na comunidade”.

CONFIRA ABAIXO OS VALORES E OS BENEFÍCIOS DE CONTRIBUIR

  • ​R$ 20: você contribui para salvar o Arte Pajuçara e recebe a gratidão eterna;
  • ​R$ 50: além da gratidão eterna, você recebe como recompensa seu nome escrito no painel de salvadores do Arte Pajuçara;
  • R$ 100: além da gratidão eterna e do seu nome escrito no painel de salvadores, você recebe o valor equivalente à doação revertido em 10 (dez) ingressos do cinema para usar quando quiser;
  • R$ 500: além da gratidão eterna e do seu nome escrito no painel de salvadores, você recebe um Poderoso Cartão, que garante o acesso livre a todos os filmes em cartaz durante 6 meses, sem limites de uso (exceto Corujão);
  • R$ 1.000: além da gratidão eterna e do seu nome escrito no painel de salvadores, você recebe um Poderoso Cartão para acesso livre a todos os filmes em cartaz durante 1 ano; sem limites de uso (inclusive no Corujão);
  • R$ 2.000: além da gratidão eterna e do seu nome escrito no painel de salvadores, você recebe um Poderoso Cartão para acesso livre a todos os filmes em cartaz durante 1 ano, com direito a acompanhante, e sem limites de uso (inclusive no Corujão);
  • Acima de R$ 2.000: os valores deverão ser informados pelo e-mail ingressoarte2022@gmail.com para apresentação de possibilidades, como locação do espaço, exibição de mídia, patrocínios e outras formas de contrapartida.

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