Com produtos da roça, apresentações culturais, e artesanato, oito organizações voltadas à luta pela terra em Alagoas se reúnem na Praça da Faculdade, em Maceió, para o Festival da Reforma Agrária Zumbi e Dandara dos Palmares. O evento começou nesta quinta-feira, 2 de maio, e segue até sábado, 4, em uma programação que também não poupará debate crítico sobre a situação no campo, além de ser vinculada à mobilização realizada nesta semana no INCRA, contra a nomeação de um superintendente bolsonarista para o Instituto em Alagoas.
Para o coordenador da Comissão Pastoral da Terra, Carlos Lima, a expectativa é que o festival inaugure um novo momento da luta em defesa da reforma agrária do território em Alagoas. “Pela primeira vez, nós reunimos as principais organizações que lutam pela conquista da terra em Alagoas e essas organizações trouxeram alimentos de qualidade, artesanato. Isso demonstra a força política que nós temos”.
Coordenadora do Movimento de Trabalhadores e Trabalhadoras rurais Sem Terra (MST), Débora Nunes, também ressalta o ineditismo na união dessas organizações.
“O festival traz para Maceió tanto a produção dos alimentos saudáveis produzidos nos acampamentos e assentamentos por camponeses e camponesas, como também traz a cultura popular, inclusive com patrimônios vivos da cultura alagoana. Alagoas tem um diferencial, que é essa capacidade de construção unitária das organizações do campo. E nós já fizemos muitas lutas em conjunto. Fizemos marchas, grandes ocupações, mobilizações, e pela primeira vez os movimentos resolvem vir conjuntamente, trazendo o fruto, o resultado dessa luta.”, relata. O evento garante produção das atrações culturais, restaurante com comida da roça, como buchada, carneiro, e galinha velha.
Luta por Reforma Agrária
A luta pela Reforma Agrária é o grande mobilizador do evento, que se vincula ainda à ocupação ocorrida desde o início da semana na sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) em Alagoas, em contrariedade à nomeação do superintendente Junior Rodrigues do Nascimento.
“Então, nós estamos realizando o festival, trazendo toda a produção, trazendo essa diversidade de sabores, cores, que a reforma agrária tem, mas, ao mesmo tempo, nós estamos protestando de que a reforma agrária precisa avançar. E a gente entende que quem conduz o órgão precisa ser alguém comprometido com os trabalhadores e com as trabalhadoras”, conta Débora Nunes.
Hoje houve ainda o lançamento da publicação Conflitos do Campo Brasil 2023, que revela os números de conflitos, resgate de pessoas em trabalho análogo à escravidão, além das mobilizações ocorridas no campo.
Programação do festival
O evento acontece todos os dias, das 6h às 22h – com a comercialização de alimentos e artesanatos.
Quinta-feira, 2:
7h30 – Café da manhã com a imprensa
16h – Abertura oficial com Ato em defesa da terra e território e da reforma agrária
19h – Vavá do fandango
20h30 – Lula Sabiá
Sexta-feira, 3:
9h – Lançamento da publicação “Conflitos no Campo Brasil 2023”
15h – Palestra “A questão indígena – desafios e perspectivas”
19h – Zeza do coco
20h30 – Xameguinho
Sábado
9h – Brincadeiras Sonoras com Natalhinha Marinho
15h – Boi Escorpião
19h – Baque Alagoano
20h30 – Pinóquio do Acordeon