Mesmo sendo – segundo estudos do Serviço Geológico do Brasil (CPRM) – a responsável direta pelo desastre ambiental que causou severas falhas geológicas no subsolo e obrigou mais de 55 mil pessoas a abandonarem seus lares em Maceió, a Braskem voltou à tona como um dos anunciantes do Big Brother Brasil 23, da Rede Globo.
Diante disso, no último mês de janeiro, uma petição foi lançada reunindo assinaturas contra o patrocínio e cobrando posicionamentos da própria Rede Globo, do Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (CONAR), do Ministério do Meio Ambiente (MMA), do Ministério Público Federal (MPF) e dos demais anunciantes do programa.
Em resposta, o CONAR informou à plataforma Change.org, onde o documento está hospedado, que foi instaurada – no último dia 03 de fevereiro – uma representação ética que objetiva analisar anúncios da Braskem vinculados ao BBB.
“Em atenção a Carta Aberta “A BRASKEM VAI AFUNDAR O BBB23 COMO FEZ COM MACEIÓ?” informamos que em 03 de fevereiro de 2023 foi instaurada a representação ética n. 0025/23, tendo como objeto os anúncios “A Braskem entrou no BBB para incentivar um futuro cada vez mais sustentável”, divulgados por redes sociais e merchandising”, diz trecho da resposta.
CONFIRA NA ÍNTEGRA
O QUE DIZ A PETIÇÃO?
A carta aberta relembra o caso com números que reforçam o caos gerado e corroboram a revolta dos moradores e da população alagoana.
“O crime cometido destroçou 5 bairros, inutilizou 15 mil residências, obrigou o fechamento de mais de 5 mil empresas, causou a perda de 10 mil empregos e desvalorizou outros 17 mil imóveis no entorno da área devastada, causando um prejuízo estimado em muito mais de 15 bilhões de reais. Que, até agora – quase 5 anos após o desastre – nunca foi pago a Maceió, a cidade-vítima e a Alagoas, cujas autoridades assistem anômicas, prevaricantes e acoitadamente ao circo de horrores que a empresa está tocando em nossa cidade”, diz um trecho do documento.
O abaixo-assinado encerra exigindo a exclusão da mineradora do rol de anunciantes do BBB e faz um grito contra a injustiça e aos abusos que vêm ocorrendo na relação entre a empresa e as vítimas do desastre, que – em sua maioria – ainda não foram devidamente indenizadas.
“Exigimos uma posição da Rede Globo, dos demais patrocinadores e do CONAR no tocante à imediata exclusão da empresa como anunciante do Big Brother. Se nosso grito de alerta não for considerado por todos aqui citados, iremos encetar uma campanha cerrada nas redes sociais para boicote de cada um deles – e do programa – pelos brasileiros Chega dos abusos. De anomias, prevaricações e corrupções de autoridades, chega de (in) justiça”.
A carta aberta já conta com aproximadamente 33.000 assinaturas. Para assinar, basta acessar o link abaixo.
O QUE DIZ A BRASKEM?
Em nota, a Braskem se posicionou sobre os pontos alegados na petição. Segue na íntegra:
Como a maior produtora de resinas plásticas do país, a Braskem tem o compromisso de atuar de forma responsável na questão ambiental. Além de investir em tecnologias para viabilizar cada vez mais a reciclagem do plástico, a companhia busca apoiar a sociedade a entender a importância de sua participação no processo de economia circular, por meio do consumo consciente e do descarte correto.
Com esse objetivo, a Braskem vem desenvolvendo, ao longo dos anos, uma série de práticas educacionais em ações de patrocínio e mídias de massa, buscando levar, através de experiências, a importância das pequenas atitudes do dia a dia na construção de um futuro cada vez mais sustentável.
O BBB é hoje um dos programas de maior audiência no país. Sensibilizar seu público por meio da experiência dos participantes do programa, que desenvolvem diariamente atividades típicas de uma residência, com apoio do filme da campanha “O seu lixo tem futuro”, que também está no ar, tem o objetivo de mostrar como o plástico descartado corretamente pode ser reciclado e voltar como benefício para as pessoas e o planeta.
Em relação a Maceió, a Braskem vem cumprindo rigorosamente os acordos firmados com as autoridades, priorizando a segurança das pessoas e a solução do fenômeno geológico, permitindo ainda que os moradores realocados sejam indenizados de maneira justa, no menor tempo possível. Por meio do Programa de Compensação Financeira e Apoio a Realocação, mais de 98% dos moradores das áreas de desocupação e monitoramento definidas pela Defesa Civil já foram realocados preventivamente. Até o final de 2022, 18.618 propostas de compensação foram apresentadas, o que equivale a cerca de 97% de todas as propostas previstas. O índice de aceitação se mantém acima de 99% desde o início do Programa, e mais de R$ 3,2 bilhões já foram pagos em indenizações, auxílios financeiros e honorários de advogados.
Além de atividades como segurança patrimonial, zeladoria, monitoramento do solo e fechamento dos poços de sal, a Braskem está desenvolvendo ações previstas no Termo de Acordo Socioambiental assinado com o poder público, para mitigar, compensar ou reparar eventuais impactos causados pela desocupação dos bairros.