Em região de risco, Portugal Ramalho ainda não teve sua realocação autorizada; servidores do hospital protestam

Hospital é o único referência no tratamento de pacientes psiquiátricos em AL; Governo do Estado vetou próprio PL, que autorizava realocação, sem explicação

Localizado no bairro do Pinheiro, em Maceió, o Hospital Escola Portugal Ramalho passa por uma complicada situação. O hospital fica próximo às áreas afetadas pelo desastre ambiental provocado pela mineradora Braskem na capital alagoana e corre sério risco.

Diante disso, os seus servidores e o Sindicato dos Médicos de Alagoas (Sinmed-AL) protestaram, nesta quinta-feira (30) pela realocação do Portugal Ramalho. Eles pedem explicações em relação ao veto do Projeto de Lei nº 401/2023, por parte do Governo do Estado, que havia sido aprovado e foi – em seguida e sem explicação ou comunicação – vetado.

“O Governo do Estado aprovou um projeto de lei garantindo a transferência do hospital e a Braskem, em contato com o Ministério Público, aceitou construir uma nova unidade conforme o que foi apresentado pela Uncisal. Daí o Governo mandou o projeto para a Assembleia, foi aprovado e, surpreendentemente para nós, ele vetou o projeto que ele mesmo encaminhou. Causa surpresa para nós essa atitude de cancelar a aprovação do próprio projeto do Governo, sem comunicar ao hospital, a gestão do hospital e a Uncisal”, afirmou o presidente do Sindicato dos trabalhadores da Saúde, Previdência, Seguro Social e Assistência Social (Sindprev), Ronaldo Augusto de Alcântara.

Ainda segundo Ronaldo Augusto, são mais de 40 trabalhadores do Hospital Escola Ramalho e mais de 130 pacientes afetados, “nós estamos justamente preocupados inclusive com o problema de colapso iminente dessa mina da Braskem atingir também os trabalhadores e usuários do hospital”, frisou o sindicalista à Tribuna Independente.

O Sinmed também pediu um parecer do Governo do Estado para outra área, em virtude de problemas estruturais apresentados e a periculosidade do que vem acontecendo.

“Os trabalhadores estavam confiantes com a realocação, mas foram surpreendidos com o veto do Projeto de Lei nº 401/2023. O governador Paulo Dantas aprovou o PL garantindo a transferência do hospital e a Braskem, em contato com o Ministério Público, aceitou construir uma nova unidade conforme o que foi apresentado pela Uncisal. Contudo, sem comunicar à gestão do hospital e à Uncisal, o Governo do Estado cancelou a aprovação do projeto que o mesmo assumiu o compromisso”, afirmou o Sinmed em suas redes sociais.

A Mídia Caeté entrou em contato com o Governo de Alagoas – através da sua assessoria de imprensa – para confirmar a informação, saber o porquê desse recuo e se há alguma previsão para a transferência do Portugal Ramalho. Até a publicação desta reportagem, não tivemos retorno.

A reitoria da Uncisal, responsável pela administração do hospital, se pronunciou através de nota. Leia na íntegra!

“Responsável pela gestão do Hospital Escola Portugal Ramalho, a reitoria da Uncisal segue nas tratativas com o Governo do Estado, Ministério Público Federal, Ministério Público Estadual e Ordem dos Advogados do Brasil sobre a realocação da unidade para outra área, em virtude de problemas estruturais apresentados após os danos causados pela Braskem na região do Pinheiro.

Único hospital psiquiátrico público que serve de referência para atendimento de urgência e emergência no âmbito da Rede de Atenção Psicossocial em Alagoas (RAPS), o HEPR vem mantendo seus serviços em ambiente de risco, o que tem impactado na saúde mental dos funcionários e dos próprios pacientes, que já se encontram em situação de vulnerabilidade.

A Uncisal reconhece o esforço dos seus servidores, que se dedicam para manter os serviços de qualidade, mesmo com a indefinição quanto à realocação para outra área com estrutura adequada. A reitoria reforça, ainda, que acompanha e também aguarda uma definição o mais breve possível para uma área mais segura.”

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