Não por acaso o grupo “Teatro da Poesia” escolheu a noite da terça-feira (14) para estrear seu mais novo espetáculo: a peça “Ensaio sobre o Abraço”, que será apresentada no palco do Teatro Deodoro, a partir das 20h30 em pleno Dia do Teatro Alagoano. A apresentação é gratuita e marca a volta do grupo – que havia paralisado as atividades desde a pandemia da Covid-19 – aos palcos; na ocasião, a trupe ainda celebra seus nove anos de existência.
Conforme explica um dos atores da companhia, Jamerson Soares, “‘Ensaio sobre o Abraço’ é um espetáculo que retrata histórias sobre perdas na pandemia e após ela; quedas emocionais, a falta e a busca de afeto e a relação entre o ator e a plateia, através de quatro atores em cena que tentam responder a pergunta/mote da trama: para onde foram os nossos abraços? Utilizando-se do metateatro, dança-teatro, performance, fotografia e outras linguagens artísticas, a peça costura temas cotidianos como o trabalho em excesso e a perda de conexão entre as pessoas no contexto contemporâneo. É uma comédia dramática que também mostra uma reflexão poética sobre o abraço e o seu múltiplo significado, tendo também como base o Mito do Andrógino e as memórias afetivas dos atores”, disse o ator.
Participam também do espetáculo os atores John Fortunato, Jamerson Soares e Louryne Simões Camila Moranelo. Para elaborar o roteiro da peça, foram utilizados fragmentos de memórias do elenco como também de familiares e artistas para a construção de personagens, de situações, contextos históricos e socioculturais. Tudo isso somado à pesquisa de repertório com músicas, poemas, filmes, fotografia, documentários, arquivos e contos mitológicos sobre o abraço e o que ele carrega. Houve também dinâmicas e jogos teatrais, contação de histórias e utilização de técnicas para composição de cenas e a dramaturgia.
O diretor da peça e cofundador da Cia Teatro da Poesia, Jadir Pereira, contou que algumas das inspirações do espetáculo são o Mito do Andrógino e a situação do ator sem o teatro e o público durante a pandemia.”Esse mito se aproxima à sensação do que é estar longe do teatro e o período em que ficamos sem a conexão com o público, bem como à gravidade que existe no abraço. O abraço como um afeto e também o não-abraço: é uma temática que vai nesses extremos”, declarou.
Jadir também relatou que se sente agradecido e conectado a uma ancestralidade alagoana, já que a peça será apresentada justamente no Dia do Teatro Alagoano. “Parece que ali no teatro estou junto com fantasmas atores e atrizes, técnicos antigos. Vejo muito esse caminho de continuidade: o teatro tem nova companhias e, entre elas, está o grupo Teatro da Poesia, que também é resultado daqueles que fizeram muito por essa arte no Estado”.