Expulsão de sargento que matou irmãos Ferreira gera sentimento de justiça, embora perda não seja recuperada

Sargento Johnerson foi condenado há mais de um ano por três homicídios; condenado também tentou forjar cena do crime
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Sargento Johnerson durante julgamento em júri popular. Foto: Caio Loureiro- Ascom TJ/AL

Responsável pela morte dos irmãos Ferreira e do pedreiro Reinaldo da Silva, o sargento Johnerson Simões Marcelino foi expulso da Polícia Militar (PM), em decisão publicada em 31 de fevereiro pelo Boletim Geral Ostensivo da Polícia Militar de Alagoas (BGO).

A expulsão acontece pouco mais de um ano depois de Johnerson ter sido condenado, em júri popular, a 53 anos e um mês por três homicídios triplamente qualificados.

De acordo com o advogado do Cedeca Zumbi dos Palmares, Arthur Lira, que prestou assistência de acusação no caso junto à família dos jovens, a decisão já vinha sendo aguardada também por familiares das vítimas, embora o sentimento de justiça não recupere a perda violenta dos adolescentes, ocorrida numa sexta-feira santa do dia 25 de março de 2016.

“Há um sentimento de justiça pela punição dentro dos limites legais, embora a dor da família permaneça”, avalia o advogado. “O ofício, na prática, significa expulsão pelo bem da disciplina, como previsto no estatuto da Polícia Militar, e da moralidade pública”.

Segundo o advogado, a decisão era aguardada devido ao próprio resultado das investigações. “Ficou comprovado na via judicial e, também, na investigação que certamente aconteceu na seara administrativa, que o policial Johnerson ceifou a vida de três pessoas durante a abordagem. Os dois irmãos e o senhor Reinaldo. Passado mais de um ano do júri popular, que foi dia 25 de novembro de 2021, do qual o corpo de jurados condenou o policial pela prática dolosa dos crimes, fica mais que esperada essa expulsão”.
O caso

Os irmãos Josenildo e Josivaldo Ferreira Aleixo, de 16 e 18 anos, chegavam em um ponto de ônibus no conjunto Village Campestre quando foram parados por uma viatura da Polícia Militar, imediatamente se assustando diante da abordagem agressiva.

Segundo testemunhas, os jovens foram espancados. Foi então que sargento Johnerson, que estava do outro lado da pista, começou a atirar tendo os adolescentes como alvos fatais. O pedreiro Reinaldo da Silva, que estava no ponto de ônibus, foi atingido e também faleceu no local. Uma quarta vítima baleada teve ferimentos leves.

Após o ataque violento contra as vítimas, o que se prosseguiu foi uma investida para fraudar as condições em que o crime aconteceu. Desde depoimentos contraditórios até a apresentação de uma arma de fogo que Johnerson alegou ser dos irmãos – o que depois ficou confirmado não corresponder a realidade.

Os irmãos Ferreira sequer levavam alguma bolsa, muito menos alguma arma. Os jovens tinham deficiência mental, segundo sua mãe Maria de Fátima, e geralmente não saíam sozinhos. Além do mais, sonhavam ser policiais.

Johnerson Simões Marcelino foi condenado a 53 anos e um mês de reclusão por três homicídios triplamente qualificado. “Foram caracterizados pelo motivo fútil, emprego de meio que possa resultar perigo comum, e também recurso que dificulta a defesa da vítima. Foram essas acusações, além do crime de fraude processual, como a tentativa de forjar a arma”, explica Arthur Lira.

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