Filme alagoano ‘Colapsar’ é premiado na primeira edição do Festival Alternativo de Cinema de Mossoró

A produção foi a vencedora da categoria Cine Caiçara e é o primeiro curta produzido pelo Laboratório de Videodança, da Escola Técnica de Artes da Universidade Federal de Alagoas (ETA/Ufal)

A cultura de Alagoas conquista mais um importante prêmio. O filme alagoano ‘Colapsar’ foi um dos vencedores da primeira edição do Festival Alternativo de Cinema de Mossoró (FACIM), que ocorreu de 06 a 21 de novembro, em Mossoró, no interior do Rio Grande do Norte (RN).

‘Colapsar’ foi o primeiro curta produzido pelo Laboratório de Videodança, da Escola Técnica de Artes da Universidade Federal de Alagoas (ETA/Ufal) e se sagrou vencedor da categoria Cine Caiçara. O filme contou com uma direção coletiva, formada por oito pessoas: Renata Baracho, Valéria Nunes, Regis Oliveira, Ju Barreto, Renah Berindelli, Mayra Costa, Amanda Môa e Luiza Leal.

IMAGEM: divulgação.

Para o co-diretor e responsável pela performance da obra, Regis Oliveira, o reconhecimento veio para coroar a continuidade e o trabalho realizado por toda a equipe.

“Nós, do Laboratório de Videodança, estamos completamente preenchidos de emoção e de alegria. Estamos muito felizes com mais esse prêmio, com mais esse reconhecimento. Isso só mostra a seriedade, a vontade, o rigor e a potência que tivemos na realização desse trabalho. Foi bastante gostoso realizar esse curta e essa performance. Então, esse prêmio chega para reforçar o lugar de continuidade e de um reconhecimento de algo feito com muito desejo e vontade de subversão, além de valorizar a dramaturgia e o debate que a obra quer provocar”, afirma.

REPRESENTATIVIDADE, SOLIDARIEDADE E LUTA POR MUDANÇA

Regis, que também é docente da ETA/Ufal e dançarino da Companhia dos Pés, conta que o intuito do projeto é construir pontes e levar solidariedade para pessoas que sofrem opressão diariamente.

“O ‘Colapsar’ foi feito dentro de um desejo de construir pontes, alianças entre corpos dissidentes – corpos que sofrem opressão, seja no tecido social ou nos espaços de arte que a gente ocupa. Estávamos querendo produzir um curta que construísse um vínculo e uma solidariedade entre essas sujeitas e esses sujeites; nesse caso, essas mulheres e eu – enquanto uma bicha afeminada. Cada um no seu campo e na sua opressão, que é sempre muito particular”, comenta.

Possibilitar que exista uma união e uma representatividade das pessoas oprimidas é o grande legado do filme, segundo Regis Oliveira. Ele diz ainda que é necessário um vínculo forte e intenso para que o tecido social vigente possa ser mudado.

“Desde o início, estávamos querendo discutir justamente o nosso lugar de produzir uma ética – como propõe o Paco Vidart, em Ética Bixa – que busca uma solidariedade entre os sujeitos oprimidos. ‘Colapsar’ não está apenas querendo discutir uma opressão no campo sexual, mas sim construir uma potência nos discursos e na prática de existência e de vida. Só vamos conseguir mudar esse tecido social quando organizarmos uma aliança para compartilhar e produzir solidariedade entre as nossas opressões”.

O co-diretor enaltece as suas companheiras de trabalho e ressalta a luta enfrentada dentro de um sistema majoritariamente héterosexual e masculino. 

Regis ressalta a necessidade de solidariedade com os corpos oprimidos. | FOTO: arquivo pessoal.

“Eu fico muito feliz de ter trabalhado com todas essas mulheres, que são maravilhosas e que eu tenho um imenso prazer de trabalhar, de partilhar, de discutir todas essas questões. Estamos lado a lado no laboratório querendo construir esse campo de solidariedade, essa ética que se constrói na coligação das nossas potências enquanto corpos oprimidos dentro desse sistema héteropatriarcal”, frisa Regis Oliveira.

Por fim, o dançarino relata a alegria de saber que a mensagem primordial do curta conseguiu tocar as pessoas. Para ele, esse reconhecimento incentiva a produzir ainda mais. 

“Quando recebemos um prêmio, o que nos deixa mais felizes é que os nossos discursos estão tocando outras pessoas, estão rasgando a cognição de outras pessoas, estão torcendo a mentalidade e o tecido social de outros espaços. Esse reconhecimento é o que nos mobiliza a produzir ainda mais. Temos outros curtas que estão circulando, como o ‘Diálogo’ – montado pela Renata – e o ‘Ela’, montado pela Valéria. Em breve, teremos mais novidades!”, finaliza.

“Colapsar” também esteve nos festivais Imajitari – International Dance Film Festival (Índia), The Lift-off Sessions Global Network – Pinewood (Reino Unido) e 10ª Mostra Sururu de Cinema Alagoano, onde venceu o Prêmio Olhar Crítico.

FESTIVAL ALTERNATIVO DE CINEMA DE MOSSORÓ

O Festival Alternativo de Cinema de Mossoró (FACIM) teve a sua primeira edição neste ano. O evento foi gratuito com as exibições dos filmes inscritos acontecendo na Praça dos Patins Sadraque Tavares. Como o próprio nome indica, a cidade de Mossoró foi a sede.

Ao todo, foram seis categorias de seleção de filmes, todas em homenagem aos cinemas antigos da cidade: Cine Cid (categoria competitiva para filmes de ficção); Cine Imperial (categoria competitiva para a produção de documentários); Cine Rivoli (competitiva para videoclipes); Cine Pax (não-competitiva livre); Cine Caiçara (competitiva livre); e o Cine Centenário (categoria destinada à produção mossoroense).

Além de obra alagoana, outras também foram premiadas. Clique aqui e confira todos os vencedores.

Apoie a Mídia Caeté: Você pode participar no crescimento do jornalismo independente. Seja um apoiador clicando aqui.

Recentes