FOTO: Arquivo pessoal
A cultura popular alagoana ganha destaque na programação do festival Verão Massayó a partir das 17h desta segunda-feira, 2, no espaço “Maceió é massa”. As apresentações de grupos de guerreiro, quadrilha, coco de roda, frevo, maracatu e Bumba meu boi acontecem durante esta semana, até o dia 8 de janeiro, no estacionamento do antigo Alagoinhas (atual Marco dos Corais), no bairro da Ponta Verde.
De acordo com Claudia Helena Tavares, coordenadora de políticas culturais da Fundação Municipal de Ação Cultural (FMAC), todos os grupos que participam do evento são credenciados por um edital que contempla representantes de diversas manifestações artísticas. “Temos cordelistas, baianas, taieras, quadrilhas e muitos outros artistas envolvidos neste projeto que tem o objetivo de impulsionar o cenário da arte alagoana. Sempre buscamos inseri-los nos eventos realizados”, explica.
Para o presidente do Coletivo cultural “Nossa Gente Alagoana”, Elvis Pereira, é importante que cada vez mais espaços sejam abertos à apreciação da cultura local. “Os nossos folguedos são lindos e representam uma parte significativa da história de Alagoas. Espero que tenhamos cada vez mais oportunidades de levar essas lindas danças às ruas”, acrescentou.
Guerreiro São Pedro Alagoano se prepara para a apresentação no evento
Integrantes do guerreiro São Pedro alagoano há mais de 20 anos, a coordenadora Maria Helena da Silva (conhecida como dona Marlene),73, e a mestra artesã Luciene da Silva, 51, se dizem empolgadas com a apresentação desta segunda-feira, 2, e trabalham para reformar o figurino do grupo, que conta com 25 integrantes e existe há mais de 50 anos.
Dona Marlene revela que “brinca” guerreiro desde os 12 anos, quando conheceu o folguedo na fazenda que morava, na cidade de São Luis do Quintunde, e se mostra apaixonada pela dança: “é a coisa mais linda do mundo! Esse guerreiro é o meu viver… Para uma pessoa já na idade que eu estou, com 73 anos, é uma terapia; a gente sai, conhece gente…”
Todo esse amor pela cultura parece ter atravessado gerações na família da “rainha” do guerreiro São Pedro e atualmente, o marido, um filho e dois netos – entre eles a pequena Nicole de apenas 8 anos – também são “brincantes”. “Ela gosta muito e até já aprendeu passos de raiz!”, diz a matriarca, exibindo o orgulho que sente da neta.
Ainda segundo a coordenadora, em décadas de funcionamento, os ensaios do grupo só foram paralisados por causa da pandemia, para manter a segurança dos próprios participantes, já que a maioria é composta por idosos.” A gente teve outros momentos difíceis, um bem ruim foi quando o antigo dono do guerreiro, o mestre Juvenal, morreu e perdemos a nossa sede. Eu fiquei aperreada, mas uma amiga minha deu a ideia de quebrar essa parede pra gente ensaiar aqui na minha casa mesmo e não paramos”, declarou.
Apesar das apresentações que o grupo realiza, que são frutos de convites ou da participação em editais, dona Marlene não sente que o guerreiro é valorizado; ela afirma que falta incentivo financeiro por parte dos órgãos estatais. “Eu costuro, mas esses tecidos são caros e os enfeites dos chapéus e das espadas também. Aqui, a maioria das coisas saem do meu bolso mesmo”, revela.
Um pouco sobre o Guerreiro
O guerreiro é um folguedo nascido em Alagoas na década de 20 e mistura elementos da Chegança, do Pastoril e do Reisado. Entre os personagens, estão “o Rei”, “a Rainha”, “o Mestre”, “a Contra-Mestre”, o “Boi”, entre outros.
Programação (grupos populares):
02 de janeiro
A partir de 17h – Guerreiro São Pedro Alagoano
03 de janeiro
A partir de 17h – Pastoril Estrela de Belém
04 de janeiro
A partir de 17h – Coco de roda Raízes Nordestinas
06 de Janeiro
A partir de 17h – Boi Galvão
08 de Janeiro
Pastoril Ganga Zumba
Serviço:
O que: apresentação de folguedos
Quando: de 2 a 8 de janeiro
Onde: estacionamento do antigo Alagoinhas (Ponta Verde)