Na última terça-feira (01), trabalhadores rurais do Movimento Sem Terra (MST) realizaram uma manifestação na Avenida da Paz, em Maceió. O protesto cobrou, entre outras reinvindicações, a divisão de terras do Grupo João Lyra. Os manifestantes atearam fogo em pneus e interditaram a via nos dois sentidos.
Visando furar o bloqueio causado pelo protesto, um idoso sacou uma arma e abriu fogo contra as pessoas no ato, ferindo duas delas. Ele foi preso em flagrante na madrugada de quarta (02), porém pagou a fiança e foi liberado. Tal idoso não teve a identidade revelada pela polícia, mas se trata de Alex Lins Barbosa, médico oftalmologista e membro da atual Diretoria do Sindicato dos Médicos de Alagoas (Sinmed). No sindicato, Alex ocupa o cargo de diretor de Comunicação e Imprensa e integra a gestão 2021-2024, como consta no site oficial da entidade.
A Mídia Caeté teve acesso ao processo de autuação do oftalmologista, registrado pela Central de Flagrantes. Print da primeira página ao lado.
No documento, há a informação que Alex Lins Barbosa foi preso e autuado em flagrante delito pela “prática de disparo de arma de fogo em lugar habitado ou em suas adjacências, em via pública ou em direção a ela” e a confirmação da soltura após o pagamento de uma fiança no valor de R$ 3.636.
Segundo informações da Polícia Civil (PC), o médico foi preso enquanto estava hospedado em um hotel na parte baixa da capital e foi encontrado após levantamento das imagens de câmeras instaladas na região. Com ele, foram apreendidas uma pistola 9 milímetros e munições extras, como noticiou o portal Gazetaweb.
Entramos em contato com o Sindicado dos Médicos de Alagoas (Sinmed) – por meio da sua assessoria de imprensa – para esclarecer o ocorrido e saber se medidas serão tomadas, bem como ligamos para o presidente da entidade, o médico Marcos Holanda.
“Vamos tentar fazer uma reunião, dentro do sindicato, urgente para decidir qual atitude tomar referente a essa situação. Qualquer tipo de radicalismo, seja no sindicato ou em qualquer outro meio, precisa ser averiguado. A minha conduta, se fosse eu que tivesse feito isso, seria pedir afastamento até a resolução da justiça”, disse o Holanda.
E complementou: “O que posso dizer é que o Alex é um homem de bem e trabalhador, porém não sei quais motivos o levaram a fazer aquilo. Sei que ele é um radical bolsonarista, o que foi amplamente divulgado nas redes. Não se isso repercutiu na forma de ele pensar. Eu fiquei muito triste com o ocorrido, por se tratar de um colega médico e por pertencer ao sindicato”.
Tentamos também falar diretamente com Alex Lins Barbosa, mas seu telefone está configurado para não receber chamadas. Já a Polícia Civil informou que ainda mantém o nome e o valor da fiança em sigilo até o término inquérito, por opção do delegado responsável pelo caso.