“O humor é um excelente iniciador de debates”. Essas aspas são do humorista baiano Matheus Buente, que se apresenta em Maceió neste sábado. Matheus reúne quase 240 mil seguidores no Instagram e está em turnê com seu show de Stand Up Comedy, “O Problema é Theu” – que terá sessão dupla, no Arte Pajuçara.
Esta é a primeira vez do comediante na capital alagoana. Animado, ele fala sobre a expectativa para as apresentações e sobre o sucesso de vendas do espetáculo, que precisou abrir uma sessão extra. “Será meu primeiro show na cidade, mas sempre achei Maceió linda demais e com um povo muito simpático. As expectativas são as melhores possíveis. Estou bem animado com tanta gente querendo me ver”, conta.
“O Problema é Theu” já percorreu várias cidades pelo país, passando por regiões e sendo visto por pessoas distintas, com realidades e percepções de vida diversas. Essa é uma enorme motivação para Matheus.
“É uma sensação de a gente estar fazendo um show que é nacional, né? Perceber que todo o regionalismo, que o meu trabalho carrega, ele também consegue conversar com pessoas do sudeste, do centro-oeste. Falta agora ir pro norte e ir pro sul, mas estou bem contente, bem feliz mesmo”.
DAS AULAS PARA OS PALCOS
Além de comediante, Matheus Buente também é professor de história e usa muito do que aprendeu com anos de sala de aula para incrementar o seu texto e o seu show. Para ele, não há plateia mais difícil do que uma turma de adolescentes, e essa experiência dá tranquilidade quando está no palco.
“Ser professor é bom, porque não existe platéia mais difícil do que uma turma de adolescentes que não quer assistir aula. Eu estou rindo que minha mãe está do lado e ela também é professora e concordou comigo. Então, assim, quando a gente chega no teatro para fazer o show é muito bom, é muito satisfatório ter tantas pessoas querendo me escutar, querendo ouvir o que eu tenho a dizer. Ser professor dá essa tranquilidade. A gente está acostumado com a galera que não está afim. Quando tem pessoas querendo, é muito mais fácil, muito melhor”, diz.
Compartilhar conhecimentos é um dos principais talentos de quem leciona. No caso de Matheus, ensinar de forma inovadora sempre foi um grande desafio e um estímulo para construir seus textos. Tudo isso tem um papel fundamental em seu processo criativo.
“A questão desse show foi um processo de muitos anos de entendimento do meu próprio trabalho. Da decisão artística de criar um material que conta uma grande história, que passa uma mensagem. Me preocupei muito em ser mais do que engraçado. Eu acho que isso é um elogio que eu gosto de receber. Quando a pessoa fala que não foi só um show de comédia. Teve um pouquinho de aula, teve um pouquinho de aprendizado, teve reflexão. Isso é muito legal. Ver que as pessoas percebem é muito bom”, diz o humorista.
HUMOR E POLÍTICA SE MISTURAM SIM
É impossível desvincular qualquer expressão artística do atual cenário político, e Matheus Buente traz, em seus textos, um teor mais ácido, sobretudo em relação ao conservadorismo hipócrita muito comum no Brasil. Ele acredita que o humor, ao dar luz e problematizar temas tão relevantes, pode ser uma ferramenta importante para incentivar um olhar mais crítico e social nas pessoas.
“O humor é um excelente iniciador de debates. A piada, ela desarma. A pessoa não está esperando que ela tenha que pensar sobre aquele assunto específico e, quando o assunto é dito de forma engraçada, talvez ela reflita mais e se desarme. É diferente de ir para uma palestra, de ir para uma mesa redonda. Então, o espectador chega lá para rir, recebe as ideias e pensa um pouquinho sobre. É impossível não pensar, gostando ou não”.
Para muitos, a cena do stand-up brasileiro embarcou numa onda contra o politicamente correto e a favor da liberdade de expressão irrestrita, o que acabou endossando discursos de ódio e intolerância contra diversas comunidades. Além disso, há o pensamento de que humor e política não se misturam. Para Matheus, esse pensamento está equivocado e cada um reflete aquilo que está presente em si.
“Cada um fala do que o coração está cheio. Se o cara está sendo acusado de ser intolerante com algumas comunidades, é porque tem que procurar tratar isso, resolver essa questão com seu trabalho e consigo mesmo. Colocar na conta da liberdade de expressão é muleta para quem não quer melhorar enquanto pessoa. Quem acha besteira provavelmente não faz parte de nenhum grupo minoritário. ‘Se não é comigo, eu não preciso tratar o tema com importância’. Acho que isso acontece muito”.
O comediante complementa:
“O lance de não misturar o humor com política é fruto de uma ignorância muito grande, afinal a política está em tudo. A gente tem que voltar lá para Bertolt Brecht e entender que todos nós somos animais políticos. A gente tem que voltar para Aristóteles, que já entendia que o ser humano é um ser político em sua essência. E tudo que ele faz tem de política envolvida, seja ela partidária ou não. Para mim, isso aí é muleta de comediante ruim”, conclui.
Matheus Buente e “O Problema é Theu” estarão em cartaz no Arte Pajuçara, em dois horários: às 19h e às 21h. Para garantir seu ingresso para a segunda sessão, basta clicar aqui. A primeira já está esgotada.
SERVIÇO
O que: espetáculo “O Problema é Theu”, de Matheus Buente.
Quando: 07 de dezembro (sábado), às 19h e 21h.
Onde: Centro Cultural Arte Pajuçara.
Mais informações: doity.com.br/matheus-buente-em-maceio | (82) 99115-0277.