Manifestantes que estiveram presentes na mobilização contra a chegada de Bolsonaro em Alagoas, na manhã da última quinta-feira, 13, publicaram imagens nas redes sociais denunciando terem enfrentado uma série de agressões e ameaças de policiais militares no local.
As fotos mostram as marcas nos braços. Já os vídeos demonstram a truculência da ação efetuada por uma guarnição da Polícia Militar, que já desce do carro avançando sobre os manifestantes, apontando arma e soltando para o alto tiros de festim. Apesar das provas divulgadas nas redes sociais, as vítimas da violência policial optaram por não formalizar denúncia temendo que – ao invés de alcançarem algum tipo de Justiça – sofressem ainda mais retaliação e perseguição.
“Recebemos várias orientações para registrar boletim de ocorrência para denunciar nas instituições, mas já entendemos que o vídeo mostra por si o que aconteceu”, conta uma das testemunhas. “Entendemos que é um grupo de milicanos em defesa de Bolsonaro e não do Estado. A gente se organizou e não vamos fazer. Não vamos colocar CPF, RG e endereço em um boletim de ocorrência, mandar para instituições. Se resolvesse, quem matou Marielle estava preso. Quem matou o empresariado em Rio Largo estava preso. Se a gente faz B.O, sabemos que tem pessoas ligadas e temos muito medo”, relata. “Vamos dar as respostas nas ruas. As ruas são nosso campo de batalha e vamos dar resposta. Todo mundo viu a forma como eles chegaram”, contou um dos manifestantes.
Outra pessoa que estava no local completou que, a partir do comportamento dos policiais, houve o entendimento de que não se tratava de uma ação comandada diretamente pelo Estado, mas de um grupo específico de apoiadores de Bolsonaro que utilizou a farda e a viatura para retaliar a manifestação.
“A gente entende que eles deram um golpe no próprio Estado, porque são policiais militares e deveriam estar a serviço do Estado e não da milícia. Dizemos isso porque, enquanto ele estava reprimindo a gente, defendiam a caravana de Bolsonaro. Era esse o cuidado deles. Querendo intimidar para que a caravana tivesse acesso e ele passasse tranquilo. Não acredito que tenha vindo do Governo do Estado, mas de um comandante que coordenou a equipe”, conta.
Na tentativa de entender a desproporcionalidade da reação do grupo de policiais, alguns manifestantes identificam que o grupo segue uma vertente específica da extrema-direita.”A bala zoa mais agora pelo pensamento que eles têm. No Brasil inteiro, a milícia sonha em ser polícia federativa. São gangues que saíram do armário com o governo Bolsonaro assume. Avaliamos que são milicianos e assim que tem que se tratar. As viaturas tinham um comando, que deveria obedecer o secretário de segurança. E o secretário de segurança deveria obedecer ao chefe de Estado, mas como a milícia age de sua forma, o Estado tem que ver que polícia é essa que ao invés de obedecer o chefe do Estado, mas responde ao Governo Federal”.
Nenhuma das pessoas entrevistadas quis se identificar, em razão da segurança pessoal, embora tenham enviado diversas imagens e vídeos demonstrando a ocorrência. A Mídia Caeté tentou entrar em contato com a Polícia Militar, através da assessoria de imprensa, e mais uma vez o órgão optou por não efetuar nenhuma resposta. As viaturas que chegaram a ser identificadas no vídeo tratam-se de uma amarela de número 30-0484 e uma outra branca de número 30-0468.
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