É sabido que um dos principais “legados” do governo de Jair Bolsonaro (PL) foi o negacionismo, sobretudo em relação às vacinas. Infelizmente, esse raciocínio torto ainda permanece entre a população, mesmo após a saída do ex-presidente do Palácio do Planalto.
No começo do mês, a Secretaria do Estado da Saúde (Sesau) – seguindo a recomendação do Ministério da Saúde – lançou uma campanha para a vacinação de crianças de 6 meses a 5 anos contra a Covid-19 e entrou para o Calendário Nacional de Vacinação.
Embora seja comprovada a eficiência e relevância da imunização, nas redes sociais, muitos seguidores ainda contestam os efeitos da vacina, afirmando que não acreditam e que não irão vacinar seus filhos. No post da própria Sesau, no Instagram, podemos encontrar comentários como: “Os meus não irão tomar” e “Mamães e papais, não aceitem isso! Recorram à Justiça caso seja obrigatória essa vacina”.
Outras respostas contestam a eficácia da imunização, citando a possibilidade de eventuais efeitos colaterais. “E quanto aos efeitos colaterais da vacina, tanto a curto e longo prazo? Vocês podem falar sobre também? Seria interessante os pais e responsáveis ficarem informados sobre”. “Tem quem acredite nisso! Nem mesmo os fabricantes! Que lavam as mãos em relação aos possíveis efeitos colaterais! Nos poupe!”.
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FIOCRUZ ALERTA SOBRE O QUADRO DE RISCO E REFORÇA A IMPORTÂNCIA DA IMUNIZAÇÃO
Números da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) indicam que a cobertura vacinal – entre crianças de 3 e 4 anos – está abaixo dos 25% para a segunda dose. Já o Observatório de Saúde na Infância destacou que, no segundo semestre de 2024, somente 11,4% das crianças no Brasil – de 6 meses a 5 anos de idade – receberam pelo menos 2 doses da vacina contra a doença.
Nesse contexto calamitoso, a Fiocruz divulgou, no último dia 22 de janeiro, uma nota para reforçar a importância e a segurança das vacinas contra a Covid-19 para essa faixa etária. Tal documento enfatiza que os imunizantes “possuem valores próximos de 90% de efetividade contra infecção e, principalmente, contra hospitalização por Covid-19. Já em relação aos efeitos adversos, os eventos adversos graves foram raramente relatados”.
A Fiocruz afirma ainda que, além da proteção contra Covid convencional, a vacina também protege contra Covid Longa, uma condição onde o paciente permanece com sintomas após a fase aguda e que ocorre em até 30% dos casos. A nota indica que a vacinação reduz em 41% o risco de crianças e adolescentes desenvolverem Covid Longa, a proteção sendo ainda maior para crianças com até seis meses da última dose da vacina, onde alcança 61%.
“Esse conjunto de achados demonstram a proteção das vacinas contra Covid-19, inclusive em casos considerados como ‘falha vacinal’, isto é, em casos em que a pessoa não é protegida da infecção. Portanto, as vacinas contra Covid-19 são efetivas em proteger contra formas graves da doença e suas complicações residuais”, pontua a entidade.
LEIA A NOTA TÉCNICA NA ÍNTEGRA
SESAU TAMBÉM REFORÇA A NECESSIDADE DA VACINAÇÃO INFANTIL
Segundo levantamentos do Centro de Informações Estratégicas e Resposta em Vigilância em Saúde (Cievs) da Sesau, de 2020 a 2024, foram registrados mais 344 mil casos de Covid-19 em Alagoas. Ainda de acordo com o centro, os casos de crianças abaixo de 10 anos aumentaram de 14,7% do total em 2023 para 28% contabilizados em 2024.2024.
“Os pais e responsáveis devem exercer sua responsabilidade e levar as crianças para os postos de saúde para que completem o esquema vacinal assegurando assim a segurança e bem-estar de seus entes queridos”, disse a gerente do Cievs, Waldinéia Silva.
“A Sesau segue atuando em conjunto com o Governo Federal e administrações municipais para que todos os alagoanos estejam protegidos contra a Covid 19, especialmente, nossas crianças que são parte de um grupo vulnerável e que merece toda atenção dos pais e responsáveis”, destacou o secretário estadual de saúde, Gustavo Pontes de Miranda.
O gestor reforçou, ainda, que a vacina é segura. “A vacina contra a Covid-19 não representa nenhum risco à saúde de nossas crianças sendo a principal arma de defesa contra a Covid 19 e outras doenças”, destacou o gestor.
O QUE DIZ O MINISTÉRIO DA SAÚDE?
De acordo com o cronograma preconizado pelo Ministério da Saúde (MS) as crianças dessa faixa etária anos terão o esquema vacinal considerado completo com 3 doses, que deverão ser aplicadas seguindo os intervalos recomendados de quatro semanas entre a 1ª e a 2ª dose e 8 semanas para a 3ª.
“As medidas de prevenção e controle da enfermidade continuam sendo recomendadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS). A orientação dos especialistas e do Ministério da Saúde é reforçar a proteção também em crianças e adolescentes. Além de aumentar a imunidade deste grupo contra formas graves da doença, a vacinação ajuda a amenizar a propagação do SARS-CoV-2 na população em geral. Os benefícios da vacina em crianças foram avaliados em estudos que utilizaram os critérios de ponte imunológica e eficácia. O papel protetor da vacinação foi confirmado e demonstrou a redução de desfechos graves nas crianças, como hospitalizações, complicações, sequelas e mortes. Os efeitos colaterais relatados têm sido, em sua maioria, de leves a moderados e não duraram mais do que alguns dias”, diz o Ministério.
De acordo com o cronograma preconizado pelo Ministério da Saúde (MS) as crianças dessa faixa etária terão o esquema vacinal considerado completo com 3 doses, que deverão ser aplicadas seguindo os intervalos recomendados de quatro semanas entre a 1ª e a 2ª dose e 8 semanas para a 3ª.
Após os 5 anos de idade, apenas as crianças que integram os grupos prioritários receberão uma dose de reforço em 2024. São eles: imunocomprometidos; com comorbidades e deficiência permanente; indígenas; ribeirinhos; quilombolas; que vivem em instituições de longa permanência e em situação de rua. Esses grupos são os que têm maior risco de desenvolver as formas graves da doença. A inclusão desse grupo já passou por avaliação da Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização da Covid-19 (CTAI) e do Programa Nacional de Imunização (PNI).
“O Ministério da Saúde, por meio do Programa Nacional de Imunizações (PNI) e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), realiza um monitoramento rigoroso da segurança das vacinas usadas em todo o país, por meio do Sistema Nacional de Vigilância (SNV). Quando o assunto é vacinação, seja contra a covid-19 ou outras doenças, a população deve estar atenta às informações e buscar fontes confiáveis. A vacina continua sendo a melhor forma de prevenir doenças”, reitera a pasta.