Moradores dos loteamentos Gurguri e Guaxuma estão mobilizados contra o novo projeto da Prefeitura de Maceió, uma estação elevatória de esgoto sobre a Praça Professor Paulo Décio. De acordo com a comunidade, a instalação pode invadir área verde, além de desvalorizar imóveis e prejudicar a vida da vizinhança com barulho e mau cheiro.
Em texto circulado nas redes sociais, o morador Felipe Camelo relata como o equipamento pode ser prejudicial na comunidade, que já vem sofrendo com uma série de ameaças ambientais, seja de origem pública ou privada.
“A realidade já comprova que construir estações sanitárias elevatórias em áreas residenciais não é a melhor solução, como a que implantaram na praça 13 de Maio, no Poço, assim como a que instalaram na Praça Lions, na Pajuçara, e na área verde do Conjunto Arnon de Mello, próximo à “feirinha da Jatiúca”. Nas três, a qualidade de vida dos moradores segue, até hoje, incrivelmente comprometida. Consequentemente, desvalorizam os imóveis nos entornos. Barulho e mal-cheiro são insuportáveis, inclusive. Claro que a cidade cresce e precisa se desenvolver, mas não é tolerável se afetar negativamente a comunidade”, declarou.
Ainda segundo o morador, com a migração populacional para o litoral norte – impulsionada pelo mercado imobiliário e seus prédios pé-na-areia, e pela crise ambiental provocada pelo afundamento do solo cometido pela Braskem – o estilo de vida da população local tem sido diretamente impactado com tantas mudanças, principalmente nos bairros de Guaxuma e Garça Torta. Estas transformações, segundo o morador, terminam por comprometer a preservação de espécies animais e vegetais. Algumas ameaças à população local conseguem evitar, outras, entretanto, terminam por surpreender a todos.
“Aqui nos loteamentos Guaxuma e Gurguri, existe uma única área verde, refúgio de sagüins, araras, tucanos entre outros pássaros, sapos, e até uma pequena raposa habitam. E qual foi nossa tristeza quando soubemos que esta área verde sofreria desmatamento parcial para a duplicação da rodovia AL101Norte. Conseguimos acordo com o Governo do Estado e com o Ministério Público Estadual para modificar o projeto, preservando integralmente esta aqui citada área verde”, conta o morador.”Surpresa ainda maior quando soubemos de projeto da Prefeitura de Maceió para implantar na praça Professor Paulo Décio, a única do Loteamento Gurguri, uma estação elevatória de esgoto”.
Alternativas
Ainda de acordo com o relato difundido pelos moradores, uma comissão de moradores chegou a contratar uma empresa pernambucana de engenharia sanitária, para estudar alternativas. Com os documentos e laudos, o grupo chegou a contactar órgãos municipais, mas não obtiveram uma resposta positiva da Prefeitura.
“Outra surpresa, nesta semana a colocação da uma placa indicando que a estação elevatória será realmente construída na área verde do Gurguri, indo incrivelmente de encontro à opinião da comunidade local. O projeto proposto pela empresa pernambucana de engenharia sanitária contratada por nós, moradores, sairá mais barato que o indicado pela Prefeitura de Maceió. Com importante ponto: preservará o Meio Ambiente, mantendo a única área verde, pública, desta parte do Litoral Norte da capital alagoana”, retratou.
Em contato com a Prefeitura de Maceió, a Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seminfra) encaminhou uma nota assegurando que a estação elevatória só impactará positivamente na comunidade. Segue a nota:
A Unidade Gestora Programa (UGP) informa que não será construída uma estação de tratamento de esgoto, mas sim, uma estação elevatória, que é um sistema de bombeamento dos efluentes para levá-los ao local de tratamento. Este sistema será construído de forma subterrânea e não causará impactos para os moradores da região.
A UGP esclarece ainda que a obra não se trata de crime ou dano ambiental, já que o objetivo do serviço é combater o descarte irregular de esgoto. A obra, que conta com serviços de esgotamento sanitário, drenagem e pavimentação, vai melhorar a qualidade de vida dos moradores da região norte, contribuindo para a redução das doenças de veiculação hídrica, bem como para a preservação do meio ambiente.
A informação é recebida com descrédito, no entanto pela população. A presidente da Associação dos Moradores do Gurgury Guaxuma, Lindair de Morais Amaral explica:
“Eles sabem que o lençol freáticos estão muito na superfície, e podem ser contaminados, e muitos de nós só tem o poço. Além disso, quem quer uma elevatória na sua porta? Além dos impactos, basta ver todas as outras que não deram certo. Há ainda a depreciação dos imóveis e a possibilidade de invadir a área verde ainda mais, o que vai acabar ocorrendo devido ao aumento populacional com a construção dos prédios”, acrescenta.
