Movimentos agrários ocupam INCRA contra nomeação de superintendente indicado por Arthur Lira

Junior Rodrigues é apontado com desconfiança por vínculo com bolsonarismo e outras ligações em Alagoas.
FOTO: Delanisson Araujo.

Integrantes de movimentos agrários em Alagoas ocuparam a sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) em Maceió, nesta segunda-feira, 29 de abril, para confrontar a nomeação de Junior Rodrigues do Nascimento como novo superintendente. O empresário é mais um indicado pelo presidente da Câmara Federal, o deputado Arthur Lira (Progressistas), em decisão do Governo Federal após a demissão do seu primo, Wilson Cesar Lira, do cargo.

Em mobilização por reforma agrária, camponesas e camponeses – que reivindicaram a exoneração de Cesar Lira – depositaram todas as expectativas na nomeação do servidor de carreira da autarquia, José Ubiratan, que chegou a ser nomeado como substituto. Entretanto, pouco mais de uma semana, todos foram surpreendidos com mais uma concessão a Arthur Lira: Ubiratan foi demitido e o Junior Nascimento assumiu o lugar.

“Passaram-se 16 meses, ou seja, um ano e quatro meses, para o Governo exonerar o superintendente que serviu a Michel Temer e a Bolsonaro, após muita pressão das organizações de campo, mas em seguida vai publicamente e diz que pediu desculpa ao presidente da Câmara Federal. É um ministro de Estado que vai publicamente pedir desculpa pela exoneração de um cargo de um superintendente”, relata o coordenador da Comissão Pastoral da Terra, Carlos Lima. “Eu acho que alguma coisa está errada nesse percurso aí. E ainda achando pouco, nomeia um superintendente ligado à gestão anterior”.

O pedido de desculpas foi amplamente repercutido em meio a um clima mais arredio entre o Governo e o presidente da Câmara, Arthur Lira. Para os manifestantes, houve também um descumprimento de promessa por parte do Governo Lula. “Aquilo que o ministro prometeu às organizações do campo em Alagoas, ele não fez valer a sua palavra. Quando diz para Arthur Lira que ele tem a prerrogativa de indicar um outro nome, isso no meu entendimento é fraqueza política, é traição”.

Desconfianças

Além do vínculo com Bolsonaro, Junior Rodrigues do Nascimento é apontado com desconfiança por uma série de outras situações. “Um superintendente que tem ligação direta de contrato na construção de casas, inclusive com problemas nessa construção. É também um superintendente que chega num órgão com dúvida sobre como chegou a ser assentado, porque ele não fez luta pela reforma agrária, não acampou e, de repente, é assentado em Maragogi. Então, são coisas que precisam ser explicadas, esclarecidas”, reafirma.

Junior Rodrigues é presidente da ONG Naturagro, que representa beneficiários do programa nacional de reforma agrária, e chegou assinar – há cerca de um mês – uma parceria de cooperação técnica com o INCRA, o que foi divulgado pelo O Globo, em um período em que Cesar Lira era superintende. O aviso de credenciamento foi publicado em março deste ano, no Diário Oficial da União. Já o edital está disponível no link do Governo Federal. 

A Mídia Caeté procurou o INCRA, mas não obteve respostas até a finalização da reportagem.

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