“Por que a PM se sente confortável em entrar na UFAL e fazer isso?”

Questionamento feito por estudantes à reitoria vem após mais um episódio em que relatam violência policial dentro da universidade

 

“Por que a PM se sente confortável em entrar na UFAL e fazer isso?”

A pergunta, feita por estudantes da Universidade Federal de Alagoas, foi direcionada ao reitor Josealdo Tonholo, imediatamente após terem sido, mais uma vez, hostilizados por policiais militares dentro do campus, em Maceió.

O episódio ocorreu na última sexta-feira, 23 de agosto, durante um atividade promovida pela comunidade acadêmica. Segundo os relatos, anunciando que teriam sido acionados pela reitoria, por perturbação provocada por som alto, os militares já chegaram segurando a arma e vociferando palavras de baixa calão. Na sequência, apreenderam o equipamento de som, e ainda detiveram uma pessoa que foi contratada pelos estudantes para operar com o aparelho.

“O policial já desceu com a arma na mão, super alterado, gritando alto com todo mundo. Foi super esquisito. Foram super violentos com um cara que só estava trabalhando. Não deixou que outros estudantes se aproximassem. Ele gritava alto com todo mundo, batendo no peito. A gente tentava se aproximar para conversar, e o policial com a arma na mão, super rude”, relatou um estudante, cuja identidade não será revelada.

Segundo eles, não houve qualquer prévia advertência a respeito do som alto, de modo que já foram surpreendidos pela apreensão e detenção. Ainda segundo os estudantes, um professor tentou ajudar, mas nem assim houve diálogo.

“Chegou um professor que tentou falar com eles, e foram rudes com o professor, também. Pediram o documento do cara de som que a gente contratou. Ele entregou e estava tudo certo, mas mesmo assim, ele mandou o cara para a Central de Flagrantes”, conta.

Revoltados com a situação, os estudantes partiram para a reitoria. “Falaram que o reitor estaria lá e fomos lá para entender a situação. Ele estava saindo para uma colação de grau. Inclusive, atrasamos a colação porque não deixamos ele sair de lá. Ele disse que não houve chamado nenhum por parte da reitoria”, acrescentou o estudante.

Ainda segundo os estudantes, durante a conversa, um grupo menor se reuniu com o reitor, que ligou para alguém do comando da PM. “Foi nesse tempo que o rapaz do som nos ligou dizendo que foi liberado. “, conta uma das pessoas que estava presente, e que preferiu não informar seu nome para não sofrer represálias.

Os estudantes contam, ainda, que questionaram o reitor sobre essas ações. “Foi questionado a ele de por que a PM se sente confortável em entrar na UFAL e fazer isso? Ele respondeu precisam ter uma boa relação com a Polícia Militar, de modo que ela se mantenha disponível quando precisar dela. Então continuamos questionando se isso é motivo para eles fazerem o que quiserem dentro da universidade”, contou.

A entrada da Polícia Militar nas instalações do campus é pedra de toque para a comunidade acadêmica. Isso porque, por se tratar de uma instituição federal, a expectativa é de que só haja entrada de policiais federais.

Entretanto, em 2022, o comando da Polícia Militar reuniu com a reitoria para uma discussão sobre policiamento, episódio em que os militares propuseram a aproximação da PM por meio do Batalhão Escolar. Na oportunidade,  a diretora da Faculdade de Direito de Alagoas e presidente do Fórum de Diretores de Unidades Acadêmicas da Ufal, afirmou que não há qualquer restrição legal ou institucional em receber a PM no local. Na ocasião, ressaltou que “Não há empecilho para a PM aqui dentro. O que acontece lá fora, ocorre aqui também. É um espaço urbano que pode receber policiamento”, afirmou.

Apesar disso,  estudantes demonstraram o receio generalizado de que outro tipo de situação que acontece fora também passe a acontecer dentro do campus: as situações de violência policial  e constrangimentos rotineiros contra jovens. Segundo eles, terminou sendo uma realidade, ao rememorarem ações de revistas mais agressivas e baculejos contra alunos dentro da Ufal.

Ainda segundo os estudantes, o reitor propôs produzir algum relato para encaminhar à corporação.

 

A Mídia Caeté procurou a UFAL e a Polícia Militar para obter mais detalhes e respostas sobre as denúncias. Até o momento, não obtivemos respostas. O espaço segue aberto.

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