Prefeitura de Maceió comemora “ranking de sustentabilidade” e é confrontada por ambientalistas que apontam fake news

Nas redes, internautas concentram críticas dos problemas ambientais, Prefeitura atribui ranking principalmente a coleta seletiva, mas não cita catadores

A comemoração saiu pela culatra. A Prefeitura de Maceió foi intensamente confrontada e recebeu uma série de críticas nas redes sociais, após uma publicação em seu perfil na qual comemorava co posto de  3ª capital mais bem pontuada no ranking de sustentabilidade ambiental, produzido pelo Centro de Liderança Pública (CLP).

O instituto, sediado em São Paulo, registrou que, entre todas as cidades brasileiras, a capital alagoana chega a 29° posição. A Prefeitura, por sua vez, atribui a posição de destaque ao alto índice de coleta seletiva de resíduos – embora tenha esquecido de dizer que é realizada por cooperativas de catadores de recicláveis – assim como o recolhimento de dejetos na orla marítima e plantio de mudas.

Entretanto, a publicação não passou despercebida, por urbanistas e ambientalistas.

A professora de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Alagoas, Susann Cordeiro, alertou como o ranking confronta dados do Índice de Desenvolvimento Cidades Sustentáveis (IDSC), que registra Maceió com um nível de desenvolvimento sustentável considerado baixo e está na posição 4.190 entre as 5570 cidades brasileiras.

Nas redes sociais da própria Prefeitura de Maceió, diversas críticas foram realizadas por internautas, que pontuaram desde a mineração desastrosa da Braskem – e a condução de todo o caso por parte dos órgãos públicos- até projetos e ações específicos da Prefeitura, como a substituição da restinga por grama na orla maceioense.

Maceioenses também mencionaram a situação das praias, o vazamento de resíduos do Emissário Submarino na praia do Sobral, o corte de árvores  às margens do riacho salgadinho e a construção de prédios do tipo “pé na areia”.

A Mídia Caeté tentou encontrar, no portal do CLP, os critérios e metodologia utilizados para produção do “ranking”. O portal informa que encaminhará o relatório por email, após cadastro. O relatório não chegou. Entramos em contato com a organização, também via e-mail indicado, sendo assim, não obtivemos respostas.

Prefeitura atribui ranking à coleta seletiva, mas não cita catadores

Em questionamento sobre a que atribui o desempenho nos indicadores do CLP, a Prefeitura de Maceió responde que:

“A autarquia Municipal de Desenvolvimento Sustentável e Limpeza Urbana (Alurb) informa que durante os últimos quatro anos de gestão trabalhou com foco na sustentabilidade, ampliando a coleta seletiva porta a porta para mais de 50 mil residências, resultando em quatro toneladas de recicláveis captadas”.

Em nenhum momento, porém, mencionou a atuação efetuada em parceria com as cooperativas de catadores de recicláveis que realizam a coleta seletiva. Atualmente, realizam a coleta seletiva em Maceió as cooperativas COOPLUM, COOPVILA, COOPMUNDAÚ, e COOPREL.

A nota prossegue:

“A Alurb também recuperou pontos de descarte irregular da cidade, recolhendo mais de um milhão de toneladas de resíduos, transformando-os em áreas de convívio novamente. Muitos desses pontos, assim como canteiros, praças e outros espaços públicos, receberam mudas de árvores nativas e frutíferas, totalizando mais de 35 mil exemplares plantados ao longo da gestão.”

 

 

Para fazer denúncias e solicitações, o cidadão deve ligar diretamente nos canais da Central de Monitoramento da Alurb, que atende pelo 0800 082 2600 ou pelo whatsapp 98802-4834.

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