FOTO: arquivo pessoal
Na manhã desta segunda-feira (06), lideranças de cinco etnias indígenas se reuniram em frente à Secretaria de Estado da Educação (Seduc) e protestaram contra a demissão de professores e funcionários indígenas que trabalhavam como contratados pelo Estado e foram exonerados no final de dezembro de 2022. Na ocasião, a comitiva também se reuniu com o secretário de Educação, Marcius Beltão, para tratar desse tema.
De acordo com um dos líderes, Gecinaldo Xukuru-Kariri, estiveram presentes à mobilização representante dos povos Katokinn e Jeripankó, de Pariconha; Koiupanká, de Inhapi, Wassu Kokal, de Joaquim Gomes, Xucuru-Kariri, de Palmeira dos índios, Karapotó Plak-ô, de São Sebastião, Tingui-Botó, de Feira Grande, Aconã, de Traipu, e Kariri-Xokó, de Porto Real do Colégio.
Gecinaldo ainda explica que foi realizada uma reunião com o secretário Marcius Beltrão, na qual foi feita uma proposta de renovação dos vínculos dos indígenas exonerados, bem como o pagamento do salário referente ao mês de janeiro de 2023.
Entre os prestadores cujas atividades foram dispensadas, estão professores indígenas; uma dessas profissionais (que preferiu não se identificar), em conversa com a Mídia Caeté, afirmou que trabalha há 22 anos prestando serviços em uma escola pública indígena do povo Tingui-Botó e que se sente desrespeitada. “Foi um ato tão desrespeitoso e uma falta de consideração com nossos professores indígenas”, desabafou.
Revoltada, a professora de educação básica infantil – que atua em uma escola que atende crianças entre 4 e 9 anos de idade – ainda continua exercendo a função, mesmo sem atualmente estar recebendo. “Agora como vai ser? A gente trabalhou o mês de janeiro e continua trabalhando. Não vamos parar, vamos continuar nossa luta”, declarou.
Apesar de o Estado (em matéria publicada no site oficial) ter informado que contratou “três mil servidores em 2022, justamente para substituir os contratados nesta modalidade e regularizar a situação da Educação em Alagoas”, a diretora da escola Tingui-Botó explica: “na escola, precisamos de mais profissionais, porque temos carências de professores e coordenador”. Ainda segundo a profissional, “quatro professores, dois vigias, uma merendeira, um profissional de serviços gerais e uma auxiliar ficaram oficialmente sem empregos e salários”.
A Mídia Caeté entrou em contato com a assessoria de comunicação da Seduc, que por meio de uma nota informou que “no dia 27 de janeiro, uma equipe da Seduc se reuniu com o Sindicato dos Professores Contratados de Alagoas (Sinprocorpal) para esclarecer as circunstâncias que levaram ao encerramento dos contratos, ocorrida no dia 31 de dezembro de 2022″.
Tanto nessa ocasião, quanto, posteriormente, em reunião com uma comissão representativa de comunidades indígenas, na sede da Seduc, a Secretaria deixou claro que os profissionais com contratos vencidos, que permaneceram em exercício de suas funções em 2023, em cumprimento da carga horária do ano letivo anterior, devem comparecer às Gerências Regionais para regularização e garantia do pagamento deste mês de janeiro.
Nas duas ocasiões, “reafirmando o compromisso com o diálogo, a transparência e a busca de soluções”. A Seduc também acenou com a possibilidade de tais profissionais serem readmitidos ao longo do ano letivo que se inicia, segundo a necessidade de cada unidade escolar.