Por mais inexplicável que possa parecer, Jonas Seixas da Silva – que está desaparecido há mais de um ano, após uma abordagem policial – foi intimado a comparecer ao prédio do Grupo Especial de Apoio Investigativo da Polícia Civil (GEAL), no Santo Eduardo, em Maceió.
A intimação pegou os familiares de surpresa, sobretudo a mãe de Jonas, Dona Claudinete.
“Como enviam uma intimação para mim, dizendo que é para o meu filho aparecer numa delegacia? ‘Então, quem vai é a senhora!’ [frase dita pelos policiais quando indagados sobre o motivo]”, relata Dona Claudineide, bastante abalada com a chegada do documento.
Jonas Seixas sumiu no dia 09 de outubro de 2020, quando foi abordado por três policiais militares, colocado em uma viatura e levado, na Travessa São Domingos, via pública situada na Grota do CIgano, no bairro do Jacintinho.
A cena foi presenciada por familiares, vizinhos e quem estivesse presente. Ao perguntarem para onde Jonas iria, os PMs responderam que seguiriam para a Central de Flagrantes, porém ele desapareceu antes de chegar ao local. Desde então, o processo judicial vem prosseguindo. Nele, familiares vêm acompanhando, depondo, ouvindo e aguardando respostas, que ainda não foram esclarecidas.
A Mídia Caeté entrou em contato com a Polícia Civil, por meio da sua assessoria de imprensa, para entender as motivações do envio da intimação.
Segundo a coordenação do GEAL, o policial responsável – ao preencher a intimação – esqueceu de colocar a palavra “MÃE”, antes do nome de Jonas Seixas da Silva.
ONDE ESTÁ O JONAS?
Essa é a pergunta que está ecoando, há mais de um ano, e que carrega consigo muito mais dúvidas que respostas.
A Grota do Cigano, onde Jonas Seixas foi abordado, é uma das áreas periféricas de Maceió onde a truculência policial é bastante comum, segundo moradores, que relatam a ocorrência de toques de recolher até agressões físicas.
Jonas é mantido na condição de desaparecimento forçado. O termo foi caracterizado pela Organização das Nações Unidas (ONU), durante Assembleia Geral em 2006, e hoje se insere no 16º Objetivo “Paz, Justiça e Instituições Eficazes”, firmado por países signatários. Embora esteja entre tais nações, o Brasil vem sendo chamado atenção pelo organismo internacional diante da falta de tipificação e criminalização do crime.