2022: o ano mais importante do resto das nossas vidas

Reflexões são mais que necessárias para que possamos vislumbrar um ano menos caótico; o jornalismo terá um papel crucial nesse caos generalizado que está por vir
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Hoje é 23 de dezembro, aniversário da Mídia Caeté. Data muito significativa para a nossa equipe, pois remete às reportagens, às entrevistas e, sobretudo, às lutas diárias por um jornalismo livre e independente. Porém, esse dia precisa ser encarado como algo muito maior: uma ocasião de reflexão do que pretendemos enquanto país. 

Todos sabemos que 2022 será um ano extremamente difícil, onde as eleições irão nortear o debate público e que – mais do que nunca – se faz necessário um esforço contra o autoritarismo, a desinformação e o caos generalizado que está por vir. Nesse contexto, o jornalismo se insere como instrumento crucial para que não caiamos novamente no mesmo abismo de 2018.

Número de ataques virtuais a profissionais de imprensa. | FONTE: Abraji.

Infelizmente, o cenário vigente é preocupante. Segundo dados da Associação Brasileira de Jornalismo Independente (Abraji), somente no primeiro semestre de 2021, as violações à liberdade de imprensa já aumentaram 38% em relação ao mesmo período do ano passado. Já entre janeiro e outubro, foram um total 335 ataques direcionados a profissionais de imprensa.

A Abraji traz também outras estatísticas amedrontadoras. A associação registrou, até agosto, 137 alertas de ataques contra jornalistas através da internet, um aumento de 104% em relação aos seis primeiros meses de 2020. O levantamento contabiliza discursos estigmatizantes, restrições na internet e ciberameaças, incluindo os vazamentos de dados pessoais, o chamado doxxing.

A entidade ainda, de acordo com a sua plataforma de denúncias online, registrou – até a publicação deste texto – 87 ataques com viés de gênero e casos que vitimaram jornalistas mulheres em 2021. Além disso, 23,3% de todas as ofensas utilizaram o gênero, a sexualidade ou a orientação sexual como argumentos para a agressão. 

Foram 71 casos de violência contra mulheres jornalistas, dois episódios contra meios de comunicação com viés feminista e cinco situações de homofobia contra comunicadores. Isso representa, em média, um ataque com características de gênero a cada 3,9 dias.

Para agravar ainda mais o quadro, uma pesquisa da Agência Lupa mostra que o presidente Jair Bolsonaro (PL) atacou a imprensa em 86% das suas lives transmitidas. Em suma, a expectativa é que os resultados do apanhado anual desse retrocesso sejam ainda mais assustadores. Não é coincidência, é método. 

OS PINGOS DE ESPERANÇA

Casos de agressões a jornalistas | FONTE: Abraji.

Embora os números apresentados acima sejam fortes e indiquem um ambiente de opressão, censura e violência, existe uma luz no fim do túnel. Ou melhor: existem várias delas que – unidas – podem mudar esse quadro. 

Uma reportagem recente da própria Abraji lista a Mídia Caeté e outros veículos de comunicação independentes pelo Brasil, o que traz um sopro de esperança de que o fortalecimento do jornalismo livre possa deixar de ser apenas um sonho e contribuir mais veementemente com os rumos tomados pelo país, a partir da apuração e do compromisso social. 

Também é importante lembrar que nove organizações jornalísticas independentes do Nordeste e a Universidade Católica de Pernambuco (Unicap) foram selecionadas na edição 2021 do Google News Initiative Innovation Challenge, desafio internacional realizado pelo Google para buscar soluções inovadoras para o jornalismo na América Latina. Também estamos nessa!

MÍDIA CAETÉ E SEU COMPROMISSO

Diante do que refletimos, gostaríamos de reafirmar o nosso objetivo primordial: romper com a lógica midiática vigente, lutar contra qualquer forma de opressão e dar voz àqueles que não têm.

Somos um veículo independente, composto por jornalistas e profissionais cooperados, que pretende quebrar o modus operandi, desde a escolha e apuração de pautas até a escuta ativa das pessoas que não são ouvidas normalmente. Tudo isso por meio de notícias que informam sem qualquer possibilidade de amarra política ou publicitária, tendo nossos princípios editoriais embaixo do braço sempre.

Sabemos dos percalços que 2022 irá oferecer. Sabemos também que não será fácil. Que o próximo ano será essencial para vislumbrarmos um país melhor para viver. Diante disso, devemos ficar unidos nessa luta!

Apoie a Mídia Caeté: Você pode participar no crescimento do jornalismo independente. Seja um apoiador clicando aqui.

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