“A leitura é provavelmente uma outra maneira de estar em um lugar”. Tal citação do escritor José Saramago exprime muito bem as diversas possibilidades que o acesso à leitura pode nos dar.
Com a finalidade de expandir olhares e incentivar o conhecimento, o Centro de Acolhimento Ezequias Rocha Rego (Caerr) inaugurou a sua biblioteca comunitária, onde irá disponibilizar livros aos seus acolhidos, voluntários e à população periférica como um todo. Um dos principais focos da iniciativa é abordar com profundidade conteúdos com a temática LGBTQIAP+.
“A Biblioteca Comunitária do CAERR nasceu e precisa muito de ajuda com o acervo literário. Queremos trazer conteúdos LGBTQIAP+ aos nossos acolhidos, voluntáries e toda a população da periferia de Maceió”, disse o perfil do Caerr no Twitter. (A citação deu uma repetida no parágrafo anterior, não?)
Para um dos idealizadores do projeto e coordenador de Arte e Cultura do Centro, Harmie Alexandre, a leitura tem o potencial de expandir as percepções e modificar mundos.
“Iniciativas como essa e o acesso das comunidades ao conhecimento mostram, através do universo literário, outras possibilidades de existir e transformar mundos, como também garante à população periférica um direito constituído por lei: a educação; e ao público LGBTQIAP+ o poder que suas escrivivências têm, no âmbito da transformação social, como ferramenta de diálogos humanizados”, afirma.
Will Correia, também idealizador da biblioteca e coordenador de Arte e Cultura, acredita ser de suma importância o debate acerca das narrativas LGBT+ para uma melhor construção da sociedade.
“Acreditamos que, quanto mais acesso às vivências e narrativas LGBT+, a sociedade pode transformar seu pensamento e quebrar estigmas impostos por ela mesma. Felizmente, o mundo vem abordando cada vez mais pautas e conteúdos LGBT+, agregando assim conhecimentos e diminuindo o preconceito. Que a arte e o acesso à literatura LGBTQIA+ contribua ainda mais com a evolução social”, pontua.
Além de ser um espaço de conhecimento e aprendizado, os coordenadores creem que o espaço pode significar um exemplo de local inclusivo e representativo em Maceió.
“A biblioteca comunitária servirá de acesso não só a nossos acolhidos e voluntários, mas a toda a sociedade que busca se conectar com as nossas vivências e narrativas (de novo?). Esse será um espaço de transformação e inclusão. A biblioteca servirá também como uma porta para que outras pessoas conheçam o trabalho do Caerr, servindo como ponte para interligar corpos e sonhos por meio da literatura”, comentam.
Outro ponto levantado por Harmie Alexandre e Will Correa é a forma com que a cultura age como ferramenta para a quebra de paradigmas e propagação do amor e da diversidade.
“A cultura é um espaço de amplificação e denúncia de uma série de violências. Temos usado dos palcos, ruas e outras formas de expressar como megafone para mostrar o quanto somos humanos e talentosos naquilo que fazemos. O que nos falta são oportunidades, porém a cultura tem abraçado as pessoas LGBTQIAP+ e nos dado voz para falar sobre várias outras formas de amar, nossas dores, realidades e mostrar que a diversidade é o que nos torna únicos e preciosos”.
O Caerr, no Twitter, lembra que o seu acervo é construído com doações e que agora precisa da força de todos para colorir as estantes com histórias inspiradoras, acolhedoras e com bastante amor. O centro incentiva ainda autores e editoras interessadas a ajudarem na causa.
“Se você é autore, editora ou tem algum livro que queira nos doar, entre em contato conosco, vamos juntes levar a literatura para a periferia de Maceió-AL. Nos ajude com essa iniciativa, marque pessoas que poderiam contribuir!”, escreve.
A Biblioteca Comunitária está localizada no próprio Caerr, na Rua Supervisor Ivaldo Ferino, 413, Clima Bom, Maceió. Para doar, basta ir até esse endereço ou entrar em contato através do e-mail acervocultural.caerr@gmail.com.
