Povo Xukuru-Kariri fica ilhado na aldeia por falta de conclusão de estrada em Palmeira dos Índios

Comunidade indígena e povoados circunvizinhos são prejudicados por obras inconclusas na Serra do Candará e em outras vias de acesso
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Estrada inviável para veículos dificulta acesso de comunidade Xukuri-Kariri e povoados vizinhos. Imagens: Reprodução.

Ilhados na aldeia. É essa a condição enfrentada por indígenas Xukuru-Kariri na Mata da Cafurna, desde abril deste ano, diante da falta de conclusão das obras de pavimentação na estrada que dá acesso à comunidade e aos povoados circunvizinhos. Com a chegada das chuvas, a estrada se transforma em um lamaçal ainda maior diante da única medida que a Prefeitura vem atuado, segundo a comunidade: encher a estrada de mais areia.

De acordo com a mestra da Cultura Indígena, Koram Xukuru, o isolamento vem prejudicado gravemente a comunidade, nos âmbitos das necessidades mais fundamentais. “Com a situação da estrada, lugares que poderíamos chegar em cinco minutos, levamos mais de uma hora de relógio. Sofremos sérios atrasos para qualquer lugar, não conseguimos ter acesso a serviço médico. As meninas que estudam e fazem faculdade à noite, precisam subir e descer a pé. O transporte cobrado subiu também, e hoje é de R$ 60 a R$ 70. Se o percurso for maior, chega a ser até R$ 150”, acrescenta. “Até mesmo para fazer as compras e chegar com balaio, não conseguimos”.

Para Koram, além de todos estes transtornos e de reuniões que termina não podendo participar, uma situação ainda mais grave ocorreu. “Passei por um momento difícil de adoecimento da minha mãe e vi a hora de minha mãe não resistir, e não termos como chegar na cidade. Estávamos em situação de corrida pela vida dela, no mês passado, e foi mais de uma hora numa estrada que levaria cinco minutos se não fosse essa condição”, relata.

Segundo Koram, apenas o carro da Secretaria Especial de Saude Indígena (SESAI) têm alguma possibilidade de se deslocar. “As mulheres, se precisam ir para o hospital para parir, dependem se o carro da Sesai, quando não está quebrado”.

Obra inacabada

Desde o início do ano, a Prefeitura de Palmeira dos Índios vem anunciado a pavimentação nas obras de uma das principais estradas de acesso à Serra do Candará, numa publicação que ganhou publicidade local e foi também divulgada na imprensa. Entretanto, segundo Koram, nem a obra foi concluída, nem as outras estradas tiveram também qualquer tratamento adequado.

“Conseguimos falar com o prefeito com a ideia de colocar uma piçarra de areia. Ele acrescenta só a areia e, com a chuva, ficamos ilhados novamente. Esse projeto que ele começou a fazer de calçamento, na Serra do Candará, teria dado tempo de concluir antes das chuvas, se ele tivesse se empenhado e tivesse realmente feito acontecer. Mas a estrada foi interditada. Ele começou a colocar paralelepípedo para asfaltar, porque dá acesso à Rainha, Baixa da Areia, Velha Ana, Ano Novo, Ano Velho, outros povoados circunvizinhos, que vem de Palmeira dos Índios e, na Serra, tem que passar por essa estrada”.

Segundo Koram, é possível construir a piçarra, mesmo em período chuvoso. “É colocar piçarra, e vai ser o jeito metralha nos pontos mais críticos. Dá para colocar mesmo chovendo, mas o que ele faz é colocar areia, então a situação só piora”.

A Mídia Caeté entrou em contato com a Prefeitura de Palmeira dos Índios, por meio de assessoria, e questionou a respeito da demanda apresentada pela comunidade. No entanto, até o momento da conclusão desta reportagem, não houve respostas. 

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