Ricardo Salles insulta trabalhador rural durante diligência em Alagoas

Visita requerida por deputado Fábio Costa (PP-AL)_ teve mudança de rota sem prévia aprovação e intimidação com policiais armados contra agricultores.
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Durante diligência em assentamentos alagoanos, o relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra, Ricardo Salles (PL-SP) insultou um trabalhador rural no Assentamento São José de Atalaia. A visita, que segundo os agricultores, foi marcada por intimidações e perguntas constrangedoras, ocorreu na última sexta-feira, 11 de agosto, e deveria ocorrer restritamente nos assentamentos da massa falida da Usina Ouricuri, no entanto, os deputados decidiram mudar a rota.

Deputado Ricardo Salles insulta famílias agricultoras (Imagem: Reprodução)

Sob o pretexto de querer “descobrir quem financia as invasões de propriedade no país”, deputados federais vinculados às bancadas do boi e da arma, arregimentados por Ricardo Salles instalaram uma Comissão Parlamentar de Inquérito em maio deste ano. Com prazo final para 14 de setembro e um prenúncio de derrota no relatório pelo próprio relator Ricardo Salles, as ações vêm se restringindo a perguntas e visitas que, segundo o MST, demonstram a desqualificação na condução da CPI que tenta criminalizar o Movimento.

Ainda segundo informações do MST, o pedido de diligência nos assentamentos Ouricuri I, II e III havia sido feito pelo deputado Fábio Costa (PP-AL), que é também vice-presidente da CPI. Apesar do roteiro ter sido traçado no momento da solicitação, os parlamentares decidiram mudar o destino e chegar com policiais armados em outro acampamento de Atalaia.

“ A partir do momento em que foram para um local que não estava no roteiro, com vários policiais, as famílias ficaram assustadas, são famílias que já passaram por 9 despejos e ao questionarem a presença deles no local foram chamados de vagabundos pelo relator da CPI, Ricardo Salles”, relatou a assessoria de comunicação do MST.

O momento do xingamento foi gravado em vídeo e divulgado nas redes sociais de apoiadores do MST. No vídeo, Ricardo Salles é questionado sobre o motivo das visitas e responde as famílias com o xingamento: ‘Vai trabalhar, vagabundo!’.

Integrantes da CPI do MST em entrevista à imprensa (Foto: Ascom/MST)

Durante as diligências estavam presentes, além de Salles, o presidente da CPI, Tenente-coronel Zucco (Republicanos-R), e Fábio Costa. Os deputados petistas João Daniel (SE), Paulão (AL), e Valmir Assunção (BA) acompanharam a diligência.

Além da intimidação e das ofensas, deputados da CPI e assessores alargaram o momento constrangedor, efetuando diversas perguntas sobre as condições vivenciadas pelas famílias trabalhadoras rurais.

“Questionaram a estrutura dos barracos, das condições de saneamento básico e de estruturas básicas que deveriam ser objetos de pauta para os parlamentares que, enquanto representantes do povo, pudessem propor reais soluções para essas questões que vive o campo e que não é exclusividade de Atalaia”, relatou o MST, em uma nota oficial divulgada após a visita.

A nota ainda conta com o seguinte trecho: “entendemos que os problemas estruturais para os camponeses e camponesas são também de responsabilização do Estado, que deveria assegurar políticas públicas efetivas de resolução para questões de moradia, educação, saúde pública e o conjunto de direitos que são negados diariamente aos trabalhadores e trabalhadoras. A narrativa dos deputados bolsonaristas tenta em vários momentos responsabilizar os limites estruturais à organização dos camponeses, numa tentativa de se distanciar de suas responsabilidades como parlamentares.

A diligência em Alagoas é mais uma face que apresenta os reais motivos da instalação da  CPI: criminalizar o Movimento Sem Terra, sem aprofundar os debates e questões principais que atravessam a realidade do campo alagoano e brasileiro”.

Assentamento em Atalaia (Foto: Ascom/MST)

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