Foto: Jonathan Lins
É totalmente surreal que tenhamos chegado a esse ponto. É inacreditável que um lado puxe a corda deixando-a prestes a estourar e desencadear uma ruptura constitucional, algo inimaginável há anos e que amedronta até o mais corajoso de nós.
No ponto em que estamos, não existe meio do caminho. Se omitir, procurar ressalvas que justifiquem a dúvida ou fingir que não se importa com o tudo o que ocorreu não podem ser mais opções. Não diante de todas as ameaças, não diante de toda crueldade que norteou esse governo. Não diante do risco iminente de retorno a um período de trevas.
Este domingo, dia 30 de outubro de 2022, é – sem nenhuma dúvida – o dia mais importante de nossas vidas até o momento. Um dia que pode nos empurrar precipício abaixo e que pode trazer consequências nefastas e irremediáveis, nos afogando num oceano de negacionismo, intolerância e fanatismo.
O que antes só era visto somente em distopias chegou e está perigosamente próximo. Violência e ódio dominam um modus operandi tenebroso. O Fundamentalismo Religioso e diversas analogias neofascistas funcionam como um verdadeiro apito de cachorro, despertando e legitimando uma legião de lunáticos antes escanteados no ostracismo da sociedade.
Sim, essa onda extremista à direita não é uma exclusividade do Brasil, porém aqui ela ganhou proporções que podem – de fato – mudar o rumo do planeta, como bem afirma o The New York Times em uma recente publicação.
Tudo o que está ocorrendo nos faz pensar: somos realmente assim ou essa é uma onda de ignorância sem precedentes?
Há um fenômeno psicológico conhecido como Viés da Disponibilidade, que ocorre devido à tendência natural de as pessoas acreditarem cegamente em informações acessíveis, o que se intensifica quando são bombardeadas por mentiras, difamações e distorções – estratégia que infelizmente tem se tornado rotina.
Honestamente, prefiro me apegar à hipótese do surto coletivo e acreditar que esse apreço pelo repugnante seja apenas um produto direto do conceito citado acima.
Não se engane: estamos presenciando a história, um momento que é muito maior do que qualquer um de nós. Ignorar esse fato é, acima de tudo, ignorar a humanidade. Fiquemos unidos e fortes. Isso vai passar!