Vídeo divulgado por deputado mostra Jair Bolsonaro discursando a favor de assassino da deputada Ceci Cunha

Em vídeo divulgado pelo deputado André Janones (Avante-MG), o presidente é o único a defender a não cassação do deputado Talvane Albuquerque, mandante do crime
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Vem circulando nas redes sociais, um vídeo divulgado pelo deputado federal André Janones (Avante-MG) com um trecho de um discurso de Jair Bolsonaro (PL), onde o presidente defende o mandante do assassinato da deputada alagoana Ceci Cunha, Talvane Albuquerque.

Ceci era mãe do senador e candidato ao governo, Rodrigo Cunha (PSDB), já Talvane era suplente a uma vaga na Câmara de Deputados e usou esse fato como motivação. O caso aconteceu no ano de 1998. A deputada foi morta em casa, com mais duas pessoas, a mando do suplente, que assumiu o mandato em seu lugar. 

Após o crime, Talvane ainda tomou posse na Câmara, em fevereiro de 1999, mas foi cassado no dia 8 de abril. Na ocasião, Bolsonaro foi o único a discursar em defesa do assassino no plenário.

CONFIRA O POST DE JANONES COM O VÍDEO

O CASO

Em 16 de novembro de 1998, Ceci Cunha tinha sido eleita deputada e foi assassinada ao lado seu marido (Juvenal Cunha da Silva), do seu cunhado (Iran Carlos Maranhão Pureza) e da mãe de Iran (Ítala Neyde Maranhão), no bairro da Gruta em Maceió.

Na época, um pistoleiro de aluguel – em depoimento à polícia – informou que foi procurado para cometer o crime. Após investigações, a Polícia Federal (PF) chegou à conclusão de que Talvane Albuquerque tinha sido o mandante. Ele foi condenado no ano de 2012 pelo Tribunal do Júri da Justiça Federal de Alagoas, que considerou que o crime foi planejado com o intuito de Albuquerque assumir o cargo de Ceci.

O ex-deputado recebeu pena de 103 anos e 4 meses. Jadielson Barbosa da Silva e José Alexandre dos Santos foram condenados a 105 anos; Alécio César Alves Vasco, a 86 anos e cinco meses; e Mendonça da Silva a 75 anos e sete meses. Todos os acusados foram condenados a cumprir pena em regime fechado.

Diante do ocorrido, uma comissão da Câmara de Deputados recomendou a cassação do mandato, que ocorreu por 425 a 29 votos, momento em que Jair Bolsonaro discursou em favor de Talvane.

BOLSONARO E A SIMPATIA POR CRIMINOSOS

Essa não é a primeira vez que Jair Bolsonaro defende criminosos na tribuna. Em 2003, ele foi ao microfone da Câmara dos Deputados e fez defesa dos crimes de extermínio, que foram apontados como solução de segurança pública para o Rio de Janeiro. O tema foi defendido por conta ação de um esquadrão da morte na Bahia.

“Quero dizer aos companheiros da Bahia — há pouco ouvi um parlamentar criticar os grupos de extermínio — que enquanto o Estado não tiver coragem de adotar a pena de morte, o crime de extermínio, no meu entender, será muito bem-vindo. Se não houver espaço para ele na Bahia, pode ir para o Rio de Janeiro. Se depender de mim, terão todo o meu apoio, porque no meu estado só as pessoas inocentes são dizimadas. Na Bahia, pelas informações que tenho — lógico que são grupos ilegais —, a marginalidade tem decrescido. Meus parabéns”, afirmou Bolsonaro.

Em 2005, o atual presidente falou em apoio ao assassino de aluguel e miliciano, Adriano da Nóbrega – chefe de milícia de Rio das Pedras. Adriano tinha sua mãe e ex-mulher nomeadas como funcionárias fantasmas no gabinete de Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio.

Em áudio obtido pelo jornal Folha de São Paulo, a noiva de Nóbrega, Júlia Lotufo, afirmou que a primeira esposa do miliciano recebia mesmo não trabalhando. A interceptação do conteúdo foi realizada ao longo da Operação Gárgula, deflagrada pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ), em março de 2021 – um mês após a morte de Adriano da Nóbrega.

Além disso, Jair também homenageou o coronel Brilhante Ustra, chefe do DOI-Codi na ditadura, responsável direto por uma série de torturas e outras barbáries no período. Ustra morreu em 2015, com 83 anos. Para Bolsonaro, o coronel evitou que o país caísse ‘naquilo que hoje em dia a esquerda quer’.

O DOI-Codi era um conhecido instrumento de repressão política. Entre 1970 e 23 1974, Brilhante Ustra comandou o órgão, intervalo de tempo onde foram registradas ao menos 45 mortes e desaparecimentos forçados, de acordo com relatório elaborado pela Comissão Nacional da Verdade. O relatório apontou 377 pessoas como responsáveis diretas ou indiretas pelas torturas e assassinatos durante a ditadura militar no Brasil.

O então deputado Jair Bolsonaro, ao votar pela abertura do processo de impeachment de Dilma Rousseff, disse:

“Pela memória do Coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, o pavor de Dilma Rousseff”.

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