Morre Mãe Vera, uma das maiores lutadoras sociais e referência no Candomblé em Alagoas

Iyalorixá Vera d’Oyá fez do terreiro Abassa de Angola Oyá Igbalé lugar de acolhimento e resistência junto ao povo negro e à comunidade na parte alta de Maceió
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Mãe Vera. Foto: Coletivo AfroCaeté

Referência no Candomblé, na luta social em defesa da comunidade e do povo negro em Alagoas, a Iyalorixá Vera d’Óyá, Mãe Vera, faleceu neste sábado, 10 de setembro.

Mãe Vera teve sua história traçada pela resistência, colocando o Terreiro Abassala de Angola Oyá Igbalé à disposição como albergue e local em proteção da comunidade, recebendo crianças, mulheres e jovens negros em diversas situações de vulnerabilidade impostas.

Sempre forte, a voz de Mãe Vera em canção é a mesma que profere as maiores defesas do povo que chamou de família até o fim de seus dias em matéria. Em uma de suas últimas mensagens nas redes sociais anunciou: “Amputei o pé, a cabeça não. Eu continuo com desejo de projeto, de trazer projeto para minha comunidade, de ensinar aulas para as mulheres que sofrem, para a mãe que não tem uma oportunidade, para as crianças que não têm oportunidade”.

O velório de Mãe Vera acontece no Barracão Abassa de Angola Oyá Igbale, situado na Cidade Universitária, e o sepultamento será às 11h deste domingo, no Cemitério São Luiz, na Colina. Dezenas de manifestações de agradecimento, lamento e reverência vem sendo divulgadas em homenagem à Iyalorixá, enaltecendo sua história e as inspirações que deixa para quem segue.

Outros ilês também chegaram a divulgar nota de pesar e solidariedade. O Ilé N’ifé Omi Omo Posú Bétá escreveu que: “Líder religiosa, importante militante política e cultural da cidade de Maceió, Mãe Vera de Oyá é a própria resistência. Uma defensora da arte e da cultura de matriz africana. A Guerreira escolhida a dedo por Oyá. Nossa Deusa Alada Sem Candura volta ao Orum no dia de hoje. Sábado…. O sábado das Iyábás”.

A despedida também se estendeu com a nota do Ile Alàketú áse Sòhòkwè . “Não só a cidade de Maceió que perde, todo Brasil fica triste com a partida dessa grande mulher, grande guerreira, deixando filhos e netos; deixando sua marca, sua força e sua sabedoria no caminho do sagrado”.

O Coletivo Maracatu Baque Alagoano, que se prepara para o Festival de Cultura Popular que acontecerá em Jaraguá, também anuncia o pesar e as homenagens que deverão ser direcionadas à Iyalorixá, que também integrava o Maracatu Raízes da Tradição.

“O Maracatu Raízes da Tradição iria abrir o Festival de Cultura Popular neste sábado, em nosso plano inicial. Chegamos a anunciar sua presença em nossas divulgações, mas precisamos mudar os planos diante da saúde de Mãe Vera. Sua passagem na manhã desse sábado nos move profundamente, porque mãe Vera esteve junto com o Baque desde o começo e em cada grande evento nosso. Todos os grupos irão prestar sua homenagem durante o Festival, cantando e batucando sobre a grande mulher que Mãe Vera foi, é e sempre será.”

O Movimento Sem Terra em Alagoas (MST-AL) também emitiu nota em tristeza pelo falecimento e solidariedade à comunidade do Terreiro Abassá de Angola Oyá. “Na certeza de sua voz firme, seu afeto incomparável e sua disposição de luta permanecem em nosso dia-a-dia, seguiremos em marcha, cantando, dançando, ocupando terra e na prontidão de enfrentar todo e qualquer tipo de opressão e exploração”.

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