Ufal informa que vai fechar Restaurante Universitário devido ao bloqueio de verbas vindas do MEC

Reitor da Universidade Federal de Alagoas, Josealdo Tonholo, afirmou que RU não tem condições de se manter sem os recursos oriundos do Ministério da Educação
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Não é de hoje que as universidades e instituições federais de ensino convivem com a incerteza da manutenção de suas atividades. Um cenário triste e que escancara todo o desmonte promovido durante os últimos quatro anos. 

Na noite desta quinta-feira (07), houve mais um exemplo: o reitor da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Josealdo Tonholo, anunciou – através das redes sociais da Ufal, que o Restaurante Universitário terá que fechar por não ter recurso para comprar comida e oferecer aos alunos. O fato ocorreu devido ao bloqueio do repasse de verbas federais do Ministério da Educação (MEC).

Restaurante Universitário da Ufal. | FOTO: Ascom/Ufal

“Infelizmente alguma medidas devem ser tomadas, como o fechamento do Restaurante Universitário por absoluta falta de comida; provavelmente teremos problemas com o pagamento de bolsas, com o pagamento de fornecedores e, assim que a nossa universidade tiver a informação segura sobre o repasse , sobre a recomposição do orçamento, nossa equipe vai estar preparada para tomar as decisões e as ações necessárias”, afirmou o reitor.

VEJA O VÍDEO NA ÍNTEGRA

Tonholo contou ainda que, no final de novembro, a Ufal recebeu com surpresa e apreensão a notícia de que os limites de empenho seriam cortados pelo Governo Federal.

“Para nossa surpresa, no dia 28 de novembro, recebemos a informação do Ministério da Educação e do Ministério da Economia, de que os nossos limites de empenho – ou seja a nossa capacidade de continuar os processos de compras, aquisições e serviços – seriam encerrados. Não bastasse isso, esse modelo volta a ser reforçado com as medidas do Ministério da Economia, no dia 02 de dezembro, que, por vez, bloqueiam o orçamento da nossa universidade e atingem um impacto de R$ 10.2 Mi”, relata.

O reitor completa:

“Isso se soma aos cortes que já tivemos, no mês de junho, de 7,2%, além do arrocho orçamentário que estamos enfrentando nos últimos seis anos. Nesse momento, a Ufal tem um orçamento discricionário – aquele que faz a universidade funcionar e paga as bolsas, os serviços, as despesas de passagens e diárias – inferior ao que tínhamos em 2011. É absolutamente impossível fazer a universidade funcionar com esse orçamento”.

Os contingenciamentos têm sido bastante frequentes em 2022. Somente neste ano, mais R$ 15 Bi foram bloqueados. O corte atingiu diretamente diversos ministérios, sobretudo o da Saúde e da Educação, que passaram a não receber o valor acertado inicialmente.

Reitor Josealdo Tonholo. | FOTO: Ascom/Ufal

Josealdo Tonholo comenta ainda sobre o risco de que os recursos que já tinham sido empenhados também não chegarem à Ufal, fato que comprometeria enormemente as atividades da universidade.

“Aqueles recursos que já tinham sido empenhados correm o risco de não serem pagos ainda neste exercício, nos colocando em completa vulnerabilidade e no risco de continuidade de operação. A Ufal é uma universidade que, há 62 anos, tem contribuído com desenvolvimento, sendo o maior vetor de desenvolvimento do estado de Alagoas. Ela já passou por muitas crises e por muitos momentos difíceis, mas jamais foi exposta a esse tipo de ataque e irresponsabilidade na sua manutenção”, diz.

O CORTE NAS BOLSAS E CARTA DE ARTICULAÇÃO DOS PÓS-GRADUANDOS

O bloqueio das verbas federais do MEC traz consigo também prejuízos diretos para a iniciação científica do país. Diante disso, os bolsistas e pesquisadores da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) divulgaram uma carta aberta contra o corte efetuado, onde mostram a revolta de viver em “um episódio da triste guerra do governo cívico-militar bolsonarista contra o povo brasileiro”.

“O contínuo ataque do (des)governo de Jair Messias Bolsonaro à Educação e à Ciência no Brasil desemboca agora em corte no valor de R$ 244 milhões das contas do Ministério da Educação (MEC), deixando nossas instituições federais de ensino superior descobertas para o cumprimento de suas obrigações no repasse de recurso para bolsistas e pesquisadoras/es vinculadas/os à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nìvel Superior (Capes)”, diz um trecho do documento.

A carta traz ainda o dado apontado pela Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG), que informa que cerca de 90% da pesquisa científica realizada no Brasil estão concentrados nas universidades públicas, graças ao trabalho de estudantes da pós-graduação. Ainda segundo o documento – ao todo – somam-se 200 mil pesquisadoras e pesquisadores vinculados a projetos financiados pela Capes e 14 mil residentes médicos sem o pagamento relativo ao mês de novembro de 2022, cujo depósito deveria ter ocorrido até o quinto dia útil do corrente mês (dezembro), data da assinatura da carta.

“Salienta-se que tal situação expõe tais pesquisadoras/es não apenas ao descaso, sendo prejudicial ao andamento de suas atividades acadêmicas e de pesquisa, mas também, em muitos casos, à situação de vulnerabilidade social. No atual contexto de desmonte das políticas sociais e acesso ao mercado formal de trabalho, muitas/os daquelas/es pesquisadoras/es se utilizam de bolsas com valores já defasados (há 9 anos sem reajuste) para custear suas necessidades de pesquisa e àquelas voltadas à própria subsistência”, pontua a carta.

A manifestação escrita encerra informando sobre a paralisação das atividades acadêmicas dos bolsistas a partir do dia 8 de dezembro e pleiteando o adiamento de todos os prazos para entrega de trabalhos.

“Assim, informamos à coordenação do PPGSS-FSSO/UFAL a paralisação das atividades acadêmicas das/os bolsistas da Capes neste programa a partir do dia 8 de dezembro, de modo que não deverão assistir aulas, participar de seminários e estágios até que se regularize o pagamento das bolsas em atraso. Pleiteamos ainda o adiamento imediato de todos os prazos para entrega de trabalhos e/ou demais atividades, bem como o acréscimo do tempo de paralisação ao prazo de integralização dessas/es discentes, como necessárias medidas de enfrentamento e no intuito de minimizar os prejuízos que vêm sofrendo com o calote anteriormente citado”.

CONFIRA A CARTA NA ÍNTEGRA

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