Em defesa dos direitos, informando e resistindo: nosso 7 de abril

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A gente, que tem como função ler o mundo e informá-lo, hoje voltamos um pouco para nossas condições também e não há surpresas no cenário. Nesta terça-feira, a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) publicou levantamento mostrando que vivemos no país com o maior número de mortes de jornalistas por Coronavírus em todo o mundo: foram 169 colegas que se foram entre abril de 2020 e março de 2021, segundo o dossiê “Jornalistas vitimados por Covid-19”.

Aqui em Alagoas, gigantes nossos foram levados por esta pandemia (programaticamente agravada) : Sandro Oliveira, de 42 anos. Átila Vileira,d e 41. Honramos seus nomes, suas trajetórias, suas resistências. Do lado de cá, transformamos esta reverência também no olhar atento à nossa situação enquanto uma categoria cada vez mais precarizada, tendo os direitos retirados pelos donos da mídia, ao tempo em que nos colocamos na linha de frente sem condições suficientes para a atuação.

Nas redações e nas salas de edição das grandes empresas alagoanas, o surto de Covid proveniente de uma negligência criminosa das empresas ensejou a iniciativa do Sindicato dos Jornalistas a procurar o Ministério Público do Trabalho para denúncia.

Também são graves as condições de profissionais que foram demitidos massivamente em 2018 e 2019, e enfrentam esta luta por direitos. Desde o início da manhã, as redes sociais foram envolvidas pela reivindicação ao atual senador Fernando Collor de Mello, sócio majoritário da Organização Arnon de Mello, que demitiu cerca de 200 profissionais (entre jornalistas, gráficos, motoristas, técnicos e diversos outros trabalhadores) e, até hoje, não pagou as verbas trabalhistas. O calote sistemático, cuja Mídia Caeté já escreveu reportagem, hoje vem sendo sustentado por um processo incerto de Recuperação Judicial sem qualquer audiência programada, mesmo um ano após a abertura do procedimento.

São mecanismos, ferramentas e – sejamos diretos – ataques de todos os lados, que nos colocam (mesmo que não queiramos) em nosso lugar de sempre: o de luta. Enfrentamos Covid-19, calotes, retirada de direitos, falta de condições de trabalho, desigualdade, injustiças. Entretanto, nos recusamos a limitar nosso caminho como uma história triste.

Jornalistas de Alagoas duelaram contra gigantes e venceram uma greve. Jornalistas de Alagoas resistem ao coronelismo midiático e ao coronelismo tradicional, ao mesmo tempo. Jornalistas de Alagoas furam as bolhas de interesses empresariais e de seus patrões, com reportagens que vão além das portas destas corporações e informam o necessário na resiliência diária. Jornalistas combatem o negacionismo e transformam o sangue nos olhos diante de uma desinformação em palavras precisas, diretas, embasadas.

E tem mais: Jornalistas de Alagoas também criam suas iniciativas independentes, e no sufoco de caminhar com as próprias pernas e pés quase descalços, certamente chegam ainda mais perto de informar sobre as demandas que mais importam: enraizadas nos direitos do povo. É assim que chegamos aqui e que queremos continuar. Nos dias bons, ou nos piores, estamos aqui.

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