Alagoar comemora cinco anos e faz história

Registro, resistência e reflexão acerca de produções audiovisuais são os pontos fortes do projeto
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Há cinco anos, surgia, no cenário alagoano, um projeto virtual que abriu espaço para produtores, diretores, cinéfilos e interessados em manter vivas ou disseminar produções audiovisuais locais. O Alagoar comemora seu aniversário trazendo ao Mídia Caeté o ‘diário de bordo’ de uma das idealizadoras da inciativa, Larissa Lisboa. Ela conta como surgiu a ideia, as dificuldades, expansão, alcance e importância de manterem ativas as produções audiovisuais no estado. Lembrando que o Alagoar – cujo endereço eletrônico é o alagoar.com.br – está aberto para colaboradores que tenham interesse em compartilhar críticas de filmes alagoanos ou brasileiros, refletir sobre o cinema de Alagoas, realizar cobertura de Mostras e Festivais de Cinema ou buscar/propor outras formas de investir na difusão de conteúdo e pesquisa sobre o audiovisual local.

Diário de Bordo

Em 2006, iniciei a pesquisa para o meu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) do curso de Jornalismo da Universidade Federal de Alagoas (Ufal). Foi assim que teve início a construção de uma publicação, em formato de catálogo impresso, da produção audiovisual alagoana, que não teria sido possível se Nataska Conrado não tivesse me sugerido.

A conclusão da primeira etapa, em 2008 – que eu achava ser a única – se deu quando defendi o meu TCC (“Produção Audiovisual Alagoana – catálogo e análise”), no qual apresentei uma breve análise do audiovisual produzido no estado, entre 1921 e 2008, bem como o catálogo em anexo com mais de 200 filmes dos quais havia conseguido coletar informações.

Também, por aquela época, testemunhei o surgimento de um site sobre cinema, que se propunha a abraçar as obras de Alagoas; proposta apresentada e executada por Lis Paim, a partir do TCC “Website Cinemativo: cinema alternativo, cineclubismo e jornalismo cultural”. Infelizmente, o Cinemativo foi descontinuado.

Foram reunidos esforços, entre 2008 e 2016, para a criação de projetos a serem submetidos a editais nacionais de incentivo à produção cultural que pudessem viabilizar a publicação do Catálogo da Produção Audiovisual Alagoana, mas não foi obtida aprovação.

Em 2010, exercitando o aprendizado recebido ao fazer a especialização em Tecnologias Web para Negócios (no Centro Universitário CESMAC), realizei o investimento de adquirir o domínio www.audiovisualagoas.com.br e iniciar o pagamento de uma hospedagem. Não estavam definidos o formato ou a proposta do site que desejava construir, o que me conduziu foi o desejo de disponibilizar parte da pesquisa que havia desenvolvido sobre a produção audiovisual alagoana. Audiovisual Alagoas (hoje Alagoar) foi alimentado espaçosamente, entre 2010 e 2015, como um blog, onde havia sido disponibilizada parte da história do audiovisual alagoano.

Em 2015, Amanda Duarte entrou em contato para dar feedback sobre o blog e se dispôs a pensar e se dedicar a uma reformulação, tendo como objetivo a construção de um acervo e a definição de conteúdos para a realização do lançamento como um site. Em 30 de março daquele ano, foi lançado o Audiovisual Alagoas (Alagoar). O espaço de divulgação do lançamento foi a página do site no Facebook, tendo como destaque de seu novo formato o espaço dedicado para listar os filmes alagoanos que estavam on-line – no qual o público atualmente tem acesso a mais de 260 filmes para assistir, num mar de mais de 500 obras audiovisuais cadastradas no Catálogo de produções.

Encontrar dezenas de filmes alagoanos on-line, em 2015, foi essencial para impulsionar a transição da estrutura de blog para o desenvolvimento e amadurecimento de como formatar um catálogo virtual com obras audiovisuais (filmes, videoclipes, séries e coleções). Amanda Duarte esteve como coordenadora de comunicação do site entre março de 2015 e agosto de 2016. Nilton Resende colabora com a revisão de textos desde as primeiras publicações após o lançamento. A publicação de conteúdos originais tem seu primeiro ciclo com a publicação de curadorias de filmes e videoclipes alagoanos e as entrevistas da série Ping Pong criada por Rafhael Barbosa.

Os colaboradores e colaborações, desde os diálogos pontuais através dos quais algum agente do audiovisual alagoano dava feedback, repassavam conteúdo solicitado ou criavam conteúdo para o site. Foram combustíveis para a continuidade da gestão que desenvolvi e desenvolvo voluntariamente e sem fins lucrativos, desde março de 2015, focada no incentivo, na preservação e no reconhecimento da produção e da memória do audiovisual alagoano.

Em 2016, como proposta de comemorar o primeiro aniversário do site, foi iniciado um diálogo com a Núcleo Zero, estúdio de criação de conteúdo multimídia alagoano que, ao elaborar a proposta de identidade visual para o site, também presenteou o projeto com o nome Alagoar.

Assim, em 30 de março de 2016, o Alagoar (antes Audiovisual Alagoas) teve divulgada a sua nova identidade visual e nome. Junto com a celebração de um ano de site, foram criados e disponibilizados os formulários de cadastro para obras audiovisuais, profissionais, produtoras, projetos e cineclubes.

Em 2017, através da colaboração de Leonardo Amaral, teve início o compartilhamento de resenhas sobre filmes brasileiros no site. Nesse mesmo ano, Rafhael Barbosa realizou a cobertura do 50º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, pelo Alagoar, a convite do Festival.

Janderson Felipe e Leonardo Amaral também realizaram, alguns meses depois, a cobertura do Circuito Penedo de Cinema (2017) e, no ano seguinte, a cobertura, através de entrevistas, do 51º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. Amaral também representou o Alagoar na 3ª Mostra Sesc de Cinema, a convite da própria Mostra. Já Janderson realizou a cobertura da VIII Mostra Sururu de Cinema Alagoano (2017), da Mostra Performance Negra (2018) – em colaboração com Lucas Litrento – do 8º Festival de Cinema Universitário de Alagoas (2018) e da IX Mostra Sururu de Cinema Alagoano (2018). Roseane Monteiro realizou a cobertura da 10ª Mostra Sururu de Cinema Alagoano (2019), em colaboração com Fabio Cassiano. E Pedro Krull realizou a cobertura da 23ª Mostra de Cinema de Tiradentes.

Ainda em 2017, teve início, através de parceria com o Mirante Cineclube e a Mostra Sururu, a publicação de críticas realizadas pelos participantes do Laboratório de Crítica Cinematográfica. Iniciativa que teve sua segunda edição em 2017, realizada pelo Mirante (sem recursos), que também foi responsável pela monitoria e revisão dos textos escritos durante o acompanhamento da VIII Mostra Sururu de Cinema Alagoano (2017).

O Laboratório de Crítica teve a sua terceira edição realizada pelo Sesc Alagoas em 2018, com monitoria e revisão do Mirante. E, em 2019, o Mirante Cineclube contou com recurso da 10ª Mostra Sururu de Cinema Alagoano para realizar a quarta edição do Laboratório de Crítica. As três primeiras edições do Laboratório foram realizadas com instrutores de outros estados – André Dib, Fernando de Mendonça e Camila Vieira. A quarta edição foi a primeira a contar com instrutores locais, que se organizaram numa condução coletiva (Beatriz Vilela, Chico Torres, Janderson Felipe, Leonardo Amaral, Roseane Monteiro, Tatiana Magalhães e Thame Ferreira), que contou também com a inclusão de monitoria e revisão dos textos realizados durante o acompanhamento da 10ª edição da Mostra Sururu.

O espaço que reúne as produções do Laboratório conta com mais de cem textos, incluindo aqueles realizados durante a primeira edição do Laboratório em 2016, que foram recentemente publicados no Alagoar. É possível acessar todos os textos que se debruçam sobre filmes alagoanos no espaço “Críticas e cia”.

A pesquisa que iniciei em 2008 segue sendo desenvolvida, conforme acompanho o desenvolvimento da produção audiovisual alagoana, e está disponível no site. Para acessá-la, basta clicar no submenu “Acesse” e optar por “Panorama”, que está subdividido nas categorias Primórdios, Festival de Penedo, Editais, Mostra Sururu, Festival Universitário, Circuito Penedo de Cinema, Mostra NAVI, Mostra Sesc de Cinema e Mostra Quilombo de Cinema Negro.

Além do Panorama, há o Catálogo de produções (que também pode ser acessado pelo menu principal), que reúne obras – filmes, videoclipes, séries e coleções – mapeadas através dos colaboradores do Alagoar, da participação dessas obras em mostras e festivais ou por meio da submissão de informações nos formulários de cadastro disponíveis no site. Também há o espaço onde é possível visualizar roteiros, projetos e storyboards de filmes alagoanos, chamado “Roteiros e etc”, que pode ser localizado ao acessar o menu principal “Acesse”.

A partir de 2019, o Alagoar expandiu sua presença nas redes sociais através da criação do perfil no Instagram (@alagoar), que possibilitou o investimento no compartilhamento do conteúdo original produzido pelos colaboradores, na busca por fortalecer a comunicação com o público simultaneamente no Facebook e Instagram. Também nesse ano foi iniciada uma nova etapa na busca por estabelecer um fluxo de elaboração e publicação de entrevistas com agentes do audiovisual alagoano e de outros estados.

O empenho que transbordou, a partir da pesquisa que comecei a desenvolver em 2008, germina através das obras catalogadas, do repositório de informações, das conexões e da difusão de conhecimento proporcionada pelo Alagoar. É isso o que possibilita a escrita de uma trajetória inspirada na resistência das iniciativas culturais alagoanas, realizadas sem incentivos públicos e através de trabalho voluntário, impulsionadas pela necessidade de construção de um espaço que preserve, registre e reflita a identidade do audiovisual alagoano.

Como celebração do aniversário de cinco anos de lançamento do site, em março de 2020, seriam propostas ações presenciais que ficaram impossibilitadas devido à pandemia de Covid-19, mas não serão impossibilitadas as trocas e colaborações para dialogar sobre o conteúdo reunido no site e para difusão de conhecimento sobre a produção local. A existência e resistência do Alagoar representam a valorização de um patrimônio cultural que é de todos e todas.

Para informar o seu desejo de colaborar, pode entrar em contato pelo e-mail audiovisualagoas@gmail.com ou pelas redes sociais do Alagoar.

Texto: Larissa Lisboa
Com colaboração de Pedro Krull, Karina Liliane e Rose Monteiro

Revisão de Felipe Benício

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