GGAL cria Centro de Acolhimento para comunidade LGBTQI+ol.pi

Após esperar dois anos pelo poder público, Grupo Gay lança mutirão
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Não é novidade que o Brasil lidera há anos o ranking mundial de assassinatos contra integrantes da comunidade LGBTQI+, mas os crimes de ódio não são suficientes para sensibilizar as autoridades públicas em todo o território nacional. Cansados de esperar pelo poder público, integrantes de movimentos LGBTQI+ em todo o país têm se mobilizado para criarem casas de apoio às vítimas de violência.

Criada há cerca de três meses, a Rede Brasileira de Casas de Acolhimento LGBTQI+, tem captado recursos de multinacionais, de outras iniciativas privadas e da sociedade civil para a criação desses centros Brasil a fora. Em apenas alguns meses, mais de 30 casas de apoio ao público LGBTQI+ já são realidade em diversas capitais brasileiras. Em Alagoas, a REBRACA se uniu ao Grupo Gay de Alagoas (GGAL) para transformar o sonho em realidade. “Nossa primeira tentativa de criar uma casa de apoio foi há dois anos. Esperamos pelo poder público e acabou não acontecendo”, explica Nildo Correia, presidente do GGAL.

REBRACA e GGAL criaram um mutirão on-line para arrecadação de fundos e inscrição de voluntários para a efetivação do Centro de Acolhimento Ezequias Rocha Rego (CAERR). O nome do Centro é uma homenagem a um dos fundadores do Grupo Gay de Alagoas, brutalmente assassinado no ano de 2011. Rego era natural do Maranhão e acabou radicado em Alagoas. Funcionário público da área da educação, foi voluntário e ativista da causa gay no estado. O presidente do GGAL explica que além de Rego, outros integrantes do movimento devem ser homenageados a partir da criação de outros espaços, inclusive culturais, que deverão ser criados a partir da Centro de Acolhimento.

Com apenas alguns dias de lançamento, o mutirão realizado pelo GGAL já atingiu 70% de sua meta para este mês. Com quase 80 sócio-apoiadores inscritos e outros 28 profissionais voluntários, das mais diversas áreas, o mutirão ganha solidez e o GGAL já tem quase como definido o endereço da sede. “Temos dois imóveis em vista. Um deles fica na General Hermes e o outro na Rua Formosa, na Ponta Grossa. Até quarta devemos definir o local, mas tudo indica que ficaremos na Rua Formosa”, vibra Nildo Correia, acrescentando que parte da mobília de escritório será a já usada pelo GGAL e doada ao Centro. “A meta agora é atingir os 100% para garantir o aluguel do imóvel e as primeiras despesas, e seguirmos com as inscrições para mais voluntários”, esclarece Nildo.

Entre os voluntários, médicos, professores, advogados, assistentes sociais, psicólogos e até um engenheiro agrônomo e outro civil integram a equipe. “Essa primeira parte de recrutar e captar recursos está quase concluída. Duas escolas de cursos profissionalizantes também entraram em contato conosco e ofereceram cotas e seus cursos para pessoas atendidas pelo nosso Centro”, informa Nildo.

Como irá funcionar

O Centro não será destinado somente às vítimas de violência urbana, mas também familiar, de intolerância, de ordem física ou psicológica. Jovens expulsos de casa em razão de sua orientação sexual, por exemplo, poderão ser acolhidos pelo Centro.  Os apoiadores poderão realizar doações ou contribuições mensais para os custos com aluguel, alimentação, materiais de higiene, água, luz, internet e outras despesas. O CAERR será voltado para a população de lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais, intersexuais e mais, vítimas de violência ou exclusão social em Alagoas.

O CAERR oferecerá acolhimento físico e também social, através de atendimento jurídico e psicológico, cursos profissionalizantes, reforço escolar, cursinho pré-vestibular e concurso, aulas de artes, idioma e defesa pessoal, palestra socioeducacionais e outros, através também de uma rede de voluntariado formado por profissionais e estagiários de faculdades de Alagoas.

“Sobre o acolhimento físico, a ideia é que seja temporário, mas sem um tempo determinado. As vítimas poderão ficar pelo tempo que precisarem. Só que nossa ideia é trabalhar a inclusão social e dar a essas pessoas condições de se inserir no mercado de trabalho para que possam custear sua própria moradia, alimentação e demais despesas. Não queremos que o Centro seja um lugar ocioso, onde o público LGBTQI+ vai para comer e dormir. Queremos oficinas de trabalho para encaminhar essas pessoas ao mercado,” esclarece Nildo.

Como participar

Os apoiadores do CAERR podem ser sócios/doadores (acesse o link aqui) ou voluntários (acesse o link aqui). A direção do Centro também está disponível através das redes sociais (Instagram, Facebook e Twitter), no endereço eletrônico @caerr ou pelo WhatsApp: 82 99644-1004

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