‘Vamos subir a Serra’ reverencia a cultura do povo negro com arte, oficinas e produtos afro

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Foto: Wanessa Oliveira.

Espaço aberto, adaptações necessárias, edição especial. O projeto Vamos Subir a Serra começou nesta quinta-feira (28) e segue até domingo (01), sempre a partir de 15h, trazendo à tona o que desde 2017 era realizado no mês de novembro, em alusão à consciência negra. A programação compreende desde apresentações artísticas até comercialização de produtos de afroempreendedores e comunidades quilombolas, além de oficinas, gastronomia e artigos da moda afro.

Durante esses dias, a praça Multieventos, situada na praia da Pajuçara, abrirá o Espaço Cultural Zumbi dos Palmares, a Praça Dandara e o Kizomba. Diante da ausência de políticas específicas, projetos como o Vamos Subir a Serra chegam também com grande importância material. É uma oportunidade de exposição de trabalhos de produtoras e produtores negros em uma área considerada de grande fluxo – mas também trata-se de encontro, visibilidade e reverenciamento.

“Nós pensamos muito antes de decidir. Esse vírus veio mostrar a vulnerabilidade socioeconômica. Com esse projeto, tem a possibilidade da gente fazer reflexão e debate sobre a temática, mas também gerar renda, porque os produtores não pagam nada para estar aqui, então eles trazem os produtos e a renda é para eles”, relatou a coordenadora do Vamos Subir a Serra, Valdice Gomes. “Os artistas também vão se apresentar. É um projeto social que cuida da valorização da cultura afro, do pertencimento étnico através dos debates e das oficinas de beleza negra, como trança e maquiagem. Dá a possibilidade de visibilidade aos empreendedores negros e à cultura afro”.

Foto: Wanessa Oliveira.

Integrante do Coletivo ANAJÔ, Valdice Gomes relata que todos os cuidados vêm sendo adotados em relação ao distanciamento social. “A gente chama de edição especial porque ela está acontecendo fora do mês de novembro e com algumas mudanças. Antes começava de manhã até a noite, agora começa sempre às 15h. Vários espaços recebem ventilação, com toda a adaptação por conta do coronavírus”, explica.

O número de expositores também precisou ser reduzido, segundo a organizadora. São 65 empreendedores participando de todo o evento, incluindo a feira gastronômica. As vendas no evento se tornam uma alternativa importante diante da falta de políticas específicas para comercialização das produções. “A maioria são informais, ou seja, não tem lojas. Vendem na casa das pessoas. Então existe realmente a necessidade. Por isso que escolhemos esse espaço, a Pajuçara, que tem grande frequência de turistas e pessoas da cidade, que possam comprar esses produtos e favorecer. A gente traz também quilombolas. Para eles, ainda é mais difícil, porque são comunidades de lugares longínquos, então não têm onde escoar, vender os produtos. Por isso fazemos questão de trazê-los”, conta.

Ainda com todas as limitações para evitar a pandemia, a diversidade de atividades e de participantes dá o tom do evento. As rodas de conversa e saraus, por exemplo, vêm sendo preenchidos por poéticas pretas, envolvendo atores, escritores, cordelistas, cantores e educadores sociais. Nas rodas literárias, haverá narrativas negras e bate-papo.

Oficinas também serão ministradas, trazendo à tona também reflexões sobre pertencimento em estética afro com tranças, turbante, maquiagem para pele negra, cortes e penteados afro. Ainda haverá aulão de percussão, dança, capoeira.

Foto: Wanessa Oliveira.

Biam Dhifah ministra neste sábado a oficina de Turbante e Pertencimento e, desde já, demarca o lugar histórico e de valorização da questão étnico-racial . “Essa oficina fala sobre o que é nosso. Como vestir e por que vestir o turbante. Ela traz um novo olhar sobre o nosso modo de vestir. O que é nosso, o que vem da diáspora, o que a gente assume como esse nosso comportamento de vestir”, relata. “Desde que chegamos aqui como pessoas escravizadas, tomamos como símbolo de poder o referencial estético do povo branco. E nossa real beleza foi ocultada esses anos neste país. Trago no meu produto e na minha fala o que é esse resgate dessa beleza”, conta.

 

Programação

Sábado (30)

15h: Apresentação cultural – performance Leide Serafim Olodum

16h30: Bate-papo – Empreendedorismo Social e Cultural Transformando Realidades: Millane Barbosa e Nell Araújo

17h: Oficinas estéticas afro -turbante e maquiagem para pele negra

17h30: Apresentação cultural – Wilson Santos e Orquestra de Tambores

18h30:  Poket show- Nando Cunha (ator e cantor)

20h – Sábado das Yabás: Nara Cordeiro, Maju Shanii e Naná Martins

Domingo (31)

15h – Aulão de percussão

16h – Grupo Afojubá

17h – Aula de dança

18h – Dança afro contemporânea / Oficinas estéticas afro: corte e penteados afros

19h – Aulão de capoeira

20h – Ciranda Afro: Afro Dendê, Joel Psirico e Afro Afoxé / Banda Afro Mandela

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