Não nos curvamos ao negacionismo, não nos intimidamos por ameaça

A Mídia Caeté reitera o seu compromisso com o jornalismo independente, livre e íntegro e não irá tolerar qualquer tentativa de intimidação.
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No dia 7 de julho de 2021, a Mídia Caeté publicou uma reportagem do jornalista Marcel Leite, que integra nossa equipe, relatando sobre um médico que oferta laudos ‘desobrigando’ vacinas para pessoas com doenças autoimunes e neurodegenerativas. Esse foi, literalmente, o título da matéria ricamente fundamentada por uma série de informações públicas, dados e garantia do contraditório, uma vez que o profissional em questão foi devidamente procurado para explicar sobre suas práticas, mas não o quis.

Grande parte dos argumentos do médico foram expostos na internet, em suas próprias redes sociais, acentuando a gravidade e intencionalidade do impacto de suas declarações públicas anti-vacina.

Neste editorial, não aprofundaremos as diversas falas do médico – você pode entender a reportagem clicando aqui. O fato é que, distante de rever suas posturas, retratar suas declarações negacionistas ou ao menos tentar explicar no espaço que dispomos dentro da reportagem, Marcos Falcão optou por silenciar.

Quase dois meses depois, no entanto, o médico disparou uma série de ameaças ao jornalista Marcel Leite, nas redes sociais, hostilizando seu trabalho, ameaçando “processo”, e inclusive expondo fotos pessoais do jornalista. A publicação do médico incentivou um ataque virtual em massa nas redes virtuais de Marcel, que ainda hoje têm efeito.

Sendo ou não sua intenção, o profissional não é o cerne da questão. Trata-se de mais um tijolo nesta torre de desinformação e do negacionismo, em um país onde – segundo dados da Revista Lancet ainda em setembro de 2020 – 44% das pessoas no Brasil não acreditavam na eficácia da vacina.

Estamos longe de superar o luto das vidas perdidas por Coronavírus, enquanto ainda contamos as novas mortes que hoje chegam em quase 585 mil. A crise econômica que atinge a população insere de volta o país no mapa da fome, reforça os riscos de quem não tem outra escolha a não ser se expor ao vírus. O distanciamento social foi esgotado por interesses econômicos e a agora a única solução observada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para de fato conter a pandemia – a vacinação – vem sendo intencionalmente desacreditada e colocada no alvo dos produtores e reprodutores de fake news.

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) vem montado o quebra-cabeça do atraso descomunal com a suspeita de corrupção e, em todas as partes, arautos do negacionismo reforçam o discurso de mentiras e notícias falsas, confronto à ciência e interpretação falaciosa de dados.

Nós, da Mídia Caeté, iniciamos nossos trabalhos poucos meses antes da pandemia, tendo como foco o jornalismo local. Entretanto, não arredamos o pé um minuto sobre os efeitos nefastos das práticas negacionistas, anticientíficas, da reprodução de desinformação contra a população, seja desde o nosso chão, com sujeitos que usam da vestimenta ou posições de poder pra proliferar riscos à população, seja com a base oculta ou escancarada dos gabinetes de ódio e mentiras no centro do país.

Também não iremos nos intimidar com incentivo ao discurso de ódio, com ameaças por desempenharmos nosso trabalho, com hostilizações por cumprirmos com nosso compromisso de informar com responsabilidade, ouvindo todas as pessoas envolvidas, apresentando a perspectiva crítica da realidade e honrando a resistência das guerreiras e guerreiros que compuseram e compõem nossa terra.

Marcel Leite não recuará um passo para trás e reafirmamos aqui que toda a equipe da Mídia Caeté segue presente e atenta a cada passo que tente se colocar sobre seu trabalho na Caeté, mantendo o mesmo empenho nas missões e objetivos que nos trouxeram até aqui.

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