Infecções por Covid-19 sobem de 89 para 648 em apenas uma semana e acendem sinal de alerta em AL

Dados divulgados pela Secretaria do Estado da Saúde (Sesau) e compilados pela pesquisadores da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) apontam crescimento alarmante após as festividades de final de ano
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O Brasil está vivendo uma nova onda de infecções por doenças respiratórias, seja Covid-19 ou mesmo Influenza (H1N1/H2N3), o que tem superlotado unidades de pronto atendimento e reiterado a manutenção das medidas preventivas. 

Segundo levantamento da plataforma online Our World in Data, vinculada à Universidade de Oxford (Reino Unido), a nova variante do Coronavírus (Ômicrom) já está bastante disseminada no Brasil, sendo responsável por 58,33% dos casos de Covid-19 sequenciados. A Our World in Data é uma referência na publicação de informações sobre a pandemia.

O alerta já foi soado em todo o país e em Alagoas não poderia ser diferente. De acordo com números presentes nos Boletins Epidemiológicos divulgados pela Secretaria do Estado da Saúde (Sesau), na primeira semana de janeiro, ocorreu um aumento de mais de 700% das infecções pelo novo Coronavírus quando comparado à semana anterior. 

Foram 648 confirmações contra 89 da última semana de dezembro. Os dados foram compilados pelo Monitoramento Espacial dos Casos de Covid-19 em AL – realizado pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal), através do Instituto de Geografia, Desenvolvimento e Meio Ambiente (Igdema). Tal estudo elabora uma série de mapas semanais representando os dados contidos nos boletins epidemiológicos disponibilizados pela Sesau e os distribuídos espacialmente pelos 102 municípios do Estado.

CONFIRA O LEVANTAMENTO DE 26 DE DEZEMBRO A 01 DE JANEIRO NA ÍNTEGRA

CONFIRA O LEVANTAMENTO DE 01 A 08 DE JANEIRO NA ÍNTEGRA

Levantamento apresenta dados referentes à primeira semana de janeiro. | FONTE: Ufal.

O pesquisador e coordenador do grupo de trabalho sobre Covid-19 do Igdema, Esdras Andrade, entende que o atual cenário é uma junção de diversas causas.

“Pelo que temos acompanhado diariamente pela imprensa e através do monitoramento dos números, entendemos que o atual cenário é uma conjunção de vários fatores, incluindo as aglomerações familiares ou festas de confraternizações de final de ano, assim como a presença de muitos turistas em solo alagoano”, afirma o pesquisador. 

E complementa: “Some-se a isso, a baixa porcentagem da população ainda não vacinada, uma vez que nosso Estado figura entre aqueles que menos implementaram essa medida preventiva em relação às demais unidades da federação. Há ainda indicações de profissionais da saúde de que a variante Ômicron já circula em AL. Mas para afirmar isso com acurácia, precisaríamos testar massivamente. E isso não vem sendo realizado pelos laboratórios oficiais”.

A importância da testagem em massa é um tema bastante discutido e trazido à tona inclusive pelo diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom.

“A forma mais eficaz de prevenir infecções e salvar vidas é quebrar as cadeias de transmissão. Para fazer isso, é preciso testar e isolar. Você não pode combater um incêndio com os olhos vendados. E não podemos parar esta pandemia se não soubermos quem está infectado.”, declarou o biólogo.

A infectologista Claudiane Bezerra corrobora com o pensamento acima e diz que os festejos influenciaram nos casos de Covid-19 e Influenza.

“Com a chegada das festas de final de ano e a alta temporada de turismo, houve número grande de confraternizações e festividades como um todo. No cenário atual de circulação de vírus respiratórios, como é o caso do Sars-Cov2 e da influenza, essas aglomerações acabam levando ao aumento do número de casos de adoecimento por Covid-19 e Influenza”, comenta.

Na primeira semana do ano, foram registrados, em Alagoas, três óbitos por Covid-19. Claudiane Bezerra crê que, mesmo com o aumento alarmante de casos, grande parte dos pacientes está apresentando sintomas mais leves. Ela atribui esse quadro à imunização da população e reforça a necessidade de vacinar-se com as doses indicadas.

“Apesar do aumento de número de casos, notamos que a maioria das pessoas está cursando com quadros leves. O fato de termos parte da população imunizada, com pelo menos duas doses da vacina para Covid-19, contribui para redução de casos graves e hospitalizações. É importante que mantenhamos as vacinações com as doses recomendadas”.

As festas públicas foram canceladas para o Réveillon. As privadas não. | FOTO: Divulgação/Instagram

Esdras Andrade também acredita que a vacinação foi crucial para a queda da mortalidade. Ele ainda ressalta que devemos continuar com ações preventivas para brecar o aumento dos casos.

“Para controlar o aumento dos contágios, devemos continuar com os mesmos procedimentos já sabidos por todos: manter o distanciamento social sempre que possível; realizar os procedimentos profiláticos de uso da máscara e de higienização das mãos; e, vacinar-se. Mas, para isso, os governos municipal, estadual e federal devem continuar se empenhando em ofertar as doses das vacinas à população ainda desprotegida”, pontua. 

Quando indagados sobre os riscos do Carnaval, o pesquisador e infectologista se mostram reticentes e concordam que o contexto pode ser nocivo à população.

“Por se tratar de uma festividade cultural específica do nosso país, será inevitável conter a sua realização, visto que a exemplo das festividades do final de ano, os governos desestimularam as festas públicas, mas a população continuou se reunindo em eventos privados e familiares”, afirma Esdras.

“Estamos a menos de 60 dias para o Carnaval e vivenciando aumento crescente do número de casos de síndromes gripais: tanto por Covid-19, quanto por Influenza. No momento, ainda não é seguro considerar liberar festas de Carnaval”, esclarece Claudiane.

Esdras Andrade ainda faz questão de ressaltar os riscos que tais aglomerações sem a devida proteção podem causar e afirma que o cenário pode se tornar ainda pior se nada for feito. 

“Ainda temos cerca de 50 dias até o Carnaval. E, nesse tempo, até lá poderemos melhorar esses números, se cada um fizer a sua parte. Com os indicadores desta semana, regredimos cerca de cinco meses no enfrentamento da doença. Estamos com números diários muito parecidos com os do mês de agosto de 2021. Se nada for feito, o cenário pode ser ainda pior”, frisa o professor da Ufal. 

SEM DEFINIR MEDIDAS DE RESTRIÇÃO OU MUDANÇA DE FASE, GOVERNO DE AL ANUNCIOU AÇÕES

Governador de Alagoas, Renan Filho (MDB). | FOTO: Divulgação/Facebook.

Diante do aumento de casos de Covid-19 e síndromes gripais em Alagoas, o governador Renan Filho (MDB) realizou uma coletiva, no dia 06 de janeiro, anunciando ampliação das ações de enfrentamento à pandemia e aos surtos de influenza, mas sem estabelecer restrições ou mudança de fase.

No pronunciamento, o governador afirmou que 150 mil testes de antigenos (testes rápidos) seriam disponibilizados aos municípios, bem como novas centrais de atendimentos para síndromes gripais, distribuídas em quatro UPAs da capital.

Foi anunciado um aumento dos leitos para Covid: de 191 para 360. Além de 30 novas ambulâncias para fazer o translado às unidades hospitalares. As unidades sentinelas também foram reabertas.

“Antes das festividades, estávamos com média de 10 pacientes ativos ao dia com sintomas gripais nas unidades. De ontem pra hoje já foram 60 casos ativos”, informou o superintendente de Vigilância e Saúde da Sesau, Charles Barros.

Quando questionado sobre as medidas de restrição, Renan Filho disse que a equipe da Secretaria de Saúde do Estado está discutindo o assunto e que terá uma posição em breve.

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