Quando o debate comunitário encontra o jornalismo – e vice-versa – o que poderia ser o encerramento de um projeto já engrena mais um ciclo, que traz novas perspectivas para o engajamento social e democrático, fundamental nas lutas em defesa da Justiça Climática.
No último sábado (23) dezenas de pessoas que residem nas cidades da chamada Rota Ecológica dos Milagres marcaram presença e participação ativa na roda de conversa para o lançamento da série de reportagens Ecologia Fora da Rota, produzidas pela Mídia Caeté. A atividade foi realizada a partir do Edital Bolsas de Reportagem Justiça Climática – AJOR e iCS: Justiça Climática e o Enfrentamento ao Racismo Ambiental no Brasil”, promovido pela Ajor, Associação de Jornalismo Digital e o iCS, Instituto Clima e Sociedade, no âmbito do The Climate Justice Pilot Project.
A atividade teve apoio da Colônia de Pescadores Z-25, que abriu as portas de sua sede, na cidade de Porto de Pedras, para que os diálogos acontecessem. O chamado para participação foi realizado diretamente às pessoas entrevistadas e também estendido para o convite amplo via redes sociais e grupos de WhatsApp das comunidades pesqueiras, moradores locais etc. Após uma breve apresentação da série de reportagens, incluindo explicações sobre seu processo de produção, e como foi viabilizada, o momento mais esperado chega: a vez da população falar.
Os impactos nos Mangues, rio, morros, acesso à praia, saneamento, o racismo ambiental sentido das mais diversas formas. Os debates reiteraram a preocupação da comunidade com os rumos de desenvolvimento na chamada Rota Ecológica, sobretudo a partir da exclusão das comunidades, reconhecimento dos impactos ambientais e dificuldade de relacionamento com órgãos ambientais, especialmente o Instituto do Meio Ambiente (IMA).
Ao final, a comunidade ainda decidiu encaminhar algumas decisões: além da organização em grupos de trabalho segundo as regiões, também realizará uma segunda reunião na segunda quinzena de outubro. Por fim, também decidiram realizar um requerimento para solicitar informações sobre o Plano Diretor na cidade de Porto de Pedras, que, apesar de ter iniciado o processo, seguia sem maiores notícias – o que, segundo moradores e alguns pesquisadores no local, davam maior permissividade para continuidade de construções que impactam na localidade.
É preciso reiterar, ainda, a importância do Edital de Justiça Climática oferecido pela AJOR e pelo Instituto Clima e Sociedade, que tornaram possível a série de reportagens e a possibilidade do jornalismo independente conseguir estar presente e construir este espaço tão fortuito.
Foi emocionante, em diversos momentos e relatos, e surpreendeu pelo nível de participação de todos e todas que estiveram no local, alguns em campos políticos por vezes opostos, mas com angústias sociais e ambientais em comum. A Mídia Caeté se comprometeu em auxiliar na facilitação e participação dos debates neste novo ciclo.
Confira algumas imagens da roda de conversa!
